segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Literatura ou exibicionismo?

Um post publicado em 15 de novembro de 2010, agora, em 2023, é posto sob revisão porque supostamente feriria as regras do Blogger. 

Causa-me espanto a celeridade com que essa revisão foi feita. Apenas 12 anos e pouco se passaram. 

Enquanto isso, a internet está povoada de discursos de ódio e fake news, inclusive com o aval do Google, que é "dono" do Blogger.

Hipocrisia?

sábado, 16 de outubro de 2010

Downtown Rio

Feira do Lavradio - Lavradio's Fair: Antiques, Crafts, Bric-a-Brac, Music, Food, People, with colonial buildings along the street and neighborhood, but with a very modern cathedral nearby (Roman Catholic Church). 










Walk around:

Theatro Municipal: Praça Marechal Floriano (Subway: Cinelandia Station)







Gustavo Capanema Palace - Candido Portinari Tile Work (Av. Graça Aranha)
http://en.wikipedia.org/wiki/Candido_Portinari





sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Esperançar

Uma imigrante mexicana nos EUA acaba de conseguir seu visto. Até aí nada demais. O detalhe é que ela tem 101 anos. Sim, senhora, chegou lá aos seis meses, no colinho da mãe, numa época em que era possível ir de um lado para o outro da fronteira sem maiores formalidades. A centenária (e uma) parece estar muito bem, pela foto, pelo menos, e, segundo se informa, fez o teste de praxe, passou, e as autoridades americanas estão honradas por recebê-la como cidadã. Uma história interessante. Disponível em http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2010/10/101013_centenariaeua_is.shtml
De tudo que me chamou a atenção na matéria, destaco a disposição da senhorinha. Poderia falar da idade, até porque as duas coisas estão totalmente relacionadas – muito fácil ser jovem e ter disposição, quero ver chegar a essa idade e não declinar, não se deprimir, enfim, dá pra imaginar o que passa pela cabeça de qualquer pessoa, pelo menos da minha: viver o dia a dia é uma luta interna e externa. Entre os conflitos morais e a batalha pela sobrevivência, o medo se faz companheiro constante. Daí o encantamento.
O filósofo Mário Sergio Cortella (http://pt.wikipedia.org/wiki/Mario_Sergio_Cortellafalou na GloboNews sobre os mineiros que estiveram soterrados por 69 dias na mina que desabou no Atacama, Chile. O repórter lhe perguntar se qualquer pessoa teria a capacidade de reagir da mesma forma como aqueles homens. Já tinha eu pensado sobre o assunto. A dieta deles consistia em duas colheres de atum (bleargh!), meia bolacha, pedaços de pêssego em calda e um pouco de leite a cada 48 horas. Mas como eles conseguiram chegar a esse consenso? Como mantiveram a disciplina, a fé, a esperança? Cortella disse então que no desespero, há duas posturas possíveis: a esperança e a espera. A espera é passiva, e a esperança não. Foi esta que levou aqueles homens a se organizarem. E daí o verbo (que não existe na “língua-padrão”) usado pelo filósofo, “esperançar”. Ele citou o grande Paulo Freire, aquele que podia ter feito uma grande diferença na educação no Brasil mas não deixaram. Mas esse é outro papo.
Ora espero e ora esperanço. Meu instrumento são as palavras. Lembro de Gonzaguinha: quando eu soltar a minha voz, por favor entenda... que palavra por palavra eis aqui uma pessoa se entregando... Mas há uma barreira, ainda intransponível – a forma de comunicação – e há expectativas que nem sempre serão correspondidas. Parece que é isso, buscar a forma perfeita de expressão e conseguir que a mensagem seja entendida. Não é suficiente, claro. Senão a esperança não se concretizaria. É preciso que haja ação. Foi isso que fez a lépida anciã, e o que fizeram os mineiros soterrados. Não esmoreceram jamais. Viveram. Vivem.

domingo, 12 de setembro de 2010

Brincando de boneca - Fase II




Bizarro pensar que ontem relembrava minhas primeiras bonecas, quando, hoje passeando no shopping, deparei com um balcão da Clinique (http://www.clinique.com.br/), e, voilà!, lá fui eu deixar que brincassem de boneca comigo!


Não, mulher não se resume a brincar de boneca mimetizando a relação mãe-filha, nem vive de passear em shopping, fazer compras e se maquiar. Multifacetada demais para isso. Aliás, um dos grandes equívocos que podemos cometer é não reconhecermos essa característica e nos concentrarmos em um aspecto de nossa personalidade. Usando um clichê, somos pedras - preciosas, por que não? - em estado bruto. Um pode ser que será ou não.


A verdade é que o tempo (leia-se a idade) é um pouco responsável por essa "brincadeira", afinal, se não fosse uma manchinha que apareceu no meu rosto, e uma propaganda que vi numa revista, mais a qualidade da marca, teria seguido meu caminho. Esse mesmo tempo também levou embora um pouco da vergonha que sinto de me expor em público. Não de todo, mas o suficiente para me sentar no meio do shopping e deixar que a expert da marca teste os produtos em mim e depois me maquie, sem que eu tenha a menor consciência do que está acontecendo a minha volta. Uma vez ou outra percebo alguém perto, ou uma outra especialista, mas é só. Imagine se isso aconteceria há alguns anos. Nunquinha.


Tenho de confessar também que esse é um ótimo truque para descansar as pernas e para que cuidem da gente - poderia ser de graça, mas isso não existe, como dizia Milton Friedman. Aliás, esse desembaraço me veio à cabeça em Londres, há dois anos atrás, exatamente quando eu estava quase caindo de morta de tanto cansaço, na Oxford St. e entrei numa loja de departamentos, e uma moça muito gentil quis fazer uma demonstração de maquiagem. Ah, sim, ainda tem isso, a gente ainda está com aquela de exaustão, e para quem não usa nada além de protetor solar e é branco-vampiro como eu, ia cair bem uma corzinha, mesmo artificial. Ficou bem legal. Como hoje também. Tirei a foto (ñ sei pq ñ lembrei de fazer a mesma coisa lá, idiota, afinal, era turista e estava com a câmera na mão! duh!).


Saí com o produtinho (que de inho ñ tem nada, é megacaro, ainda que seja bem mais barato do que uma cirurgia plástica... =D) na bolsa, muito culpada, mas é um dos poucos luxos a que me dou (além dos livros, pelos quais sou compulsiva).


E só ao começar a escrever é que me dei conta da correlação entre os posts de ontem e hoje, passado e presente, e comecei a refletir sobre essa trajetória, mas ainda há muito a pensar, mesmo porque eu não sou a melhor representante da mulher vaidosa, sequer sei andar de salto alto, nem ando de maquiagem, MAS, não posso deixar de pensar no surreal da situação, especialmente se considerar que se costumava ironizar a mulher que ia se arrumar dizendo que ela ia se "embonecar", e segundo o dicionário eletrônico iAulete, o termo significa enfeitar-se com algum exagero. 


Mas eu juro que não exagerei!!!!

sábado, 11 de setembro de 2010

Memórias



Tenho uma vaga lembrança de onde foi tirada essa foto. Certamente nas vizinhanças do primeiro bairro onde morei. Talvez perto do convento. Maravilhoso convento, ao lado da igreja que frequentava. Madre Amância, que veio da Espanha, e me deu uma latinha em forma de casinha. Não sei onde foi parar. Uma pena. Adoro latinhas. Será que é por isso? Claro que não é qualquer uma. Aquelas, que imitam casinhas, por exemplo. Era assim, a minha. Deve ter vindo da terra dela, e sumiu no tempo, nem sei porquê, pois não somos de jogar coisas fora - a família aqui é do tipo "colecionadora". E coloco a palavra entre aspas porque não sendo ricos, isso só poderia significar que guardávamos bugingangas. Vide definição do blog (se é que eu ainda não mudei - ando muito errática na minha escrita). 


Sempre se falou muito mal dos colégios católicos (não estudei em nenhum), a Inquisição foi um horror, as Cruzadas fizeram seus estragos, como toda guerra religiosa (e todo fundamentalismo), os missionários saíram aculturando a torto e a direito, e ainda temos a pedofilia na ordem do dia, fora outros dogmas discutíveis. Mas eu, pessoalmente, tirando as crenças que não professo mais, há muito tempo, tenho lembranças adoráveis dessas pessoas: madre Amância, irmã Irene, a noviça Piedade e o padre Alberto, que me batizou e com quem fiz a primeira comunhão. 


Eles eram megafofos, de uma bondade ímpar. E a madre me adorava, acho que ela pensava que eu era uma boneca... eu era muito pequena, muito magra, sei lá, algo assim. Eu e meu irmão éramos muito educadinhos, comportados, estudiosos. Devia ser isso. Sei que fui premiada com essa latinha. E não é que anos depois, quando meu irmão já viajava a trabalho, foi encontrar a irmã Irene em Santos? Eu gostaria de ter reencontrado todos eles, ou qualquer um deles. Não é um daqueles casos de retocar a memória - a gente adora tirar fotografias, faz pose, escolhe o cenário, tudo para registrar um momento - nessa foto que selecionei estou com uma de minhas primeiras bonecas, que chamei de Valéria. O cabelo dela era louro, o vestido era branco e azul. Meu vestido era azul, acho, talvez amarelinho, e costurado por minha mãe, com detalhes na barra. Eu devia estar ali com uns 6 anos, talvez. Papai tirava essas fotos com uma câmera maravilhosa, acho que era uma Roleiflex, e outro dia perguntei ao meu irmão o que tinha acontecido com ela, porque era uma preciosidade, daquelas de se colocar na cristaleira (onde boto tudo que é diferente, bizarro, minhas lembranças de viagem, meus bric-a-bracs), e fiquei triste de saber que ele tinha perdido em uma viagem. Mas, fazer o quê? A vida é assim. Tudo é efêmero. E não é uma fotografia mesmo, é um daqueles micro-negativos que fica num trequinho de plástico, que a gente olha por um visorzinho. Não sei como se chama e não sei explicar direito. Daí que eu peguei e mandei fazer a foto. Fica assim, com esse jeitinho sépia, antiguinho. Porque é. Ufa, bota antigo nisso. Quer dizer, mais do que eu gostaria, não de 1920, 1940, claro, pera lá.


Mas lá estou eu, contente da vida, não estou sorrindo pra câmera só por obrigação - aquele era um tempo de inocência. Eu amava minhas bonecas, enfileirava todas elas na parede do lado de fora da casa e ficava dando aula pra elas. Tinha a Gina (que eu tenho até hoje - tenho urgente de achar um Hospital de Bonecas pra coitadinha, ela é linda, tem cara de antiguidade, só não dá pra por na cristaleira, é grande demais pra isso... só que meus filhos ficam dizendo que ela parece o Chuck, eles são tão malvados! =/) - nome também inventado -, tinha a Jaqueline mãe e a Jaqueline filha (nossa, que cabelos feios, sabe aquele produtinho que se usava antigamente, chamado laquê, nos filmes americanos? poizé... as bichinhas tinham o cabelo armado assim, parecia um capacete, feito o cabelo da mulher do Bonner, esqueci o nome dela...), depois veio a Mary Poppins... e esqueci as outras. 


Coisa de quem brincava sozinha. Coisa de mãe que não deixava a gente brincar com mais ninguém.

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