domingo, 31 de janeiro de 2010

Well, hello again, London

Delícias




Hauptbahnhof: cheguei cedo demais em Potsdam, ainda bem que tinha o que fazer. McDonald's (tenho uma missão importante quando viajo: comer um "maclanche feliz", para pegar o brinde, que passa a fazer parte da coleção de minha sobrinha; de quebra, às vezes pode servir para matar a fome ou o tempo, como foi o caso, aqui), atividades infantis pré-Halloween (uêba! finalmente, fi-nal-men-te, passaria um Halloween em viagem - apesar de não ser nos EUA...), livraria, loja de luvas (onde comprei a luva sem dedos - que não serve pra nada... vc fica com frio do mesmo jeito, só serve pra tirar foto sem atrapalhar), e a lojinha mais linda que eu já vi, de coisinhas de chá!!!! Tinha até o jogo de chá da Bela e a Fera! Até meu filho perguntou porque eu não trouxe... (por 2 motivos: um, pq ia parecer que comprei na lojinha da Disney, e dois, pq ia me descabelar empacotando pra não quebrar). Acabei arriscando de trazer 1 caneca fofa, que chegou inteira. A dona ou gerente, sei lá, deixou eu tirar fotos. Uma das raras pessoas que encontrei pela Alemanha que não era simpática. Mas, que importa, pude tirar as fotos, e mesmo que não pudesse, a loja já era um sonho. Eu não poderia morar ali perto, ia querer ter todas aquelas xicrinhas, canequinhas, potes, chazinhos... melhor que Londres. Doidinha.

Equilíbrio

De 'Exercícios d'Alma' (Nilton Bonder)

Ele sofria de paralisia por análise. - provérbio

"Ponderar possui seu lado de contração. Aquele que analisa profundamente todas as questões se paralisa. Toda ação depende do bom senso de interrompermos um processo de análise. Mesmo uma terapia psicanalítica deve saber perceber quando se torna excessivamente mental. A segurança depende sempre de algum risco e a análise em excesso torna-se uma obsessão que visa evitar o risco. Não há maior equilíbrio do que uma reflexão que não fique restrita à cabeça. Pensar com o resto do corpo, diferente do que a religião muitas vezes nos diz, traz grande sabedoria."

Ora, pois.

sábado, 30 de janeiro de 2010

Próximo passo: Potsdam


Resumindo: http://pt.wikipedia.org/wiki/Potsdam

Ahn, não dá para resumir. A cidade é Patrimônio Mundial da UNESCO e isso já é dizer tudo. Já vale uma viagem inteira. Pena que não deu para fazer mais - reservei 1 dia para isso, mas o tour do palácio do kaiser só começava depois das 11 da manhã, e eu tinha de ver a Nefertiti na volta. A viagem de trem na ida foi rápida, mas a volta levou 1 hora. Coisas do trem. Parece o metrô do Rio. Mas a culpa é minha, que não conheço a língua e me enrolei. Fora isso, até ônibus comum peguei lá - me informei com uma adolescente numa praça (falava inglês... mais um desses anjos espalhados pelo mundo). Porque a moça da estação de trem até que teve boa vontade de ensinar, mas o ponto de ônibus estava com uma capinha (!), indicando que o dito cujo não passava mais lá. Pelo menos isso eu consegui deduzir. Fiquei meio feito barata tonta, e consegui me localizar. Não estava no meio do nada, como em Bilá Hora, Praga. (Se vc está sozinha/o, e está se aventurando, melhor evitar lugares de onde não haja possibilidade de nao sair...)

Mais uma vez, a opção mais fácil, ainda mais num dia notavelmente frio (a temperatura caiu mais, foi para 8 graus) e com chuva direto (o que significava que seria desagradável ficar batendo perna), e numa cidade com tantos marcos históricos, é entrar num tour. Não sei se fiz a melhor escolha. Certamente não foi a mais barata, mas o meu guia pareceu especial: tirando as gracinhas normais desses guias experientes, ele era bastante hábil em conduzir a viagem pela cidade em alemão e inglês, e depois, em fazer com que nosso grupo entrasse sozinho no Palácio Sanssouci, onde morou Frederico, o Grande. Bom, é como o chamavam. Parece que ele não tratava muito bem sua mulher, então para mim ele não era nada grande, a não ser... o próprio guia tinha umas ideias engraçadas. Não vou reproduzir pq são politicamente incorretas. O sobrenome dele era Kennedy. Ele disse que era filho de um soldado americano. Segundo ele, uma "lembrança" que o pai deixou para o país. Coisas da "ocupação". Bem-humorado com uma pontinha de ironia.
A visita ao palácio foi inesquecível (lógico, não tenho a menor ideia mais de qualquer detalhe do que vi). Ficou a sensação da grandeza, mas sempre, e mais uma vez, da oportunidade que a vida me dá de poder testemunhar a arte e a história a cada vez que viajo. Não tem preço. E é uma das coisas mais belas que já vi. Os jardins do palácio são incríveis, magníficos.

(Ocorreu-me agora: no túmulo de Frederico põem-se batatas, porque ele introduziu sua cultura na então Prússia - lembrei-me de Machado de Assis: "ao vencedor, as batatas"... no final das contas, morremos todos, e tanto faz, tesouros de valor incalculável ou batatas, tudo dá no mesmo, Frederico, "o Grande" não pode aproveitar nada disso)

Pois é imprescindível ir a Potsdam. Mais uma vez tinha a opção de ir a um campo de concentração, e mais uma vez escolhi não ir. Sempre a escolha pela vida. Uma coisa é visitar o Museu Judaico, entristecer-me, outra coisa é cavar um buraco mais fundo. Há vivos que precisam de nossa atenção, judeus, palestinos, haitianos, brasileiros, africanos. Como diz o Novo Testamento, precisamos deixar que os mortos enterrem seus mortos (ou algo parecido). Time to move on.

Para saber mais: http://pt.wikipedia.org/wiki/Sanssouci

Os muros que nos separam são invisíveis aos olhos


Livros, livros, livros


Blackwell, Charing Cross, London

Remember



A experiência mais triste por que passei em Berlim: a visita ao Museu Judaico. Aliás, as pessoas lá são um tanto ou quanto ríspidas. Fora isso, o clima é pesado, o que é compreensível. A mensagem é clara: nunca deixarão que se esqueça o que ocorreu. Nem se deve. Sou favorável ao Estado de Israel, assim como a um Estado para o Povo Palestino. Que haja paz. Mas observei que ninguém saltou do ônibus turístico para visitar o museu. Não sabem o que perderam. Tristeza, sim, mas faz parte da vida. Não há que se tapar o sol com a peneira. Há dois prédios, um novo, que tem 3 eixos, e todas as cidades que abrigaram imigrantes, refugiados judeus estão lá representadas - Rio de Janeiro e São Paulo, inclusive. Objetos e suas histórias, tudo muito pessoal, o que nos transporta não somente para um momento histórico mas também para uma vida específica - empatia plena. Como não poderia deixar de ser, a personagem histórica mais conhecida é a que mais mexe com a gente: não pude deixar de chorar quando deparei com a vitrine expondo objetos relacionados a Anne Frank. Que desperdício... que tristeza...

O monumento ao Holocausto é dramaticamente brilhante. Parecem lápides. É o que eu vejo, pelo menos. Fica atrás do Portão de Brandemburgo. Meio bizarro - uma entrada triunfal, a quadriga, e algo que se assemelha a túmulos. Meio que 'vini, vidi, vinci e contemplem a vitória vazia, a carnificina'. No entanto, toda e qualquer vitória proveniente da guerra se faz sobre corpos sacrificados - inclusive a que é praticada pelo eficiente estado de Israel e pelos guerrilheiros islâmicos. Vá entender. Guerra é guerra. Não há vencedores, só cadáveres.


Mais árvores outonais


Entre a Berliner Dom e a Ilha dos Museus, a beleza das árvores é que não há uma igual à outra - há até as que perderam todas as folhas, e mesmo assim conservam seu encanto.

Babilônia e Nefertiti




Ou você paga a entrada normal, ou tem um desconto quando compra o passe de transporte (se ficar pelo menos 1 semana na cidade, vale a pena), ou, se for aos museus depois das 17 h, entra de graça. Bom, eu cheguei às 16:30 no Neues, para onde transferiram Nefertiti, e entrei de graça, apesar da fila quilométrica, e apesar de ter sido impedida de entrar no dia anterior, mesmo querendo pagar - não estava disponível. Sabe-se lá porque. E não se discute, ué. Li outro dia que a moça ficou esquecida por anos a fio num canto qualquer. Será? Tinha tanta gente amontoada para vê-la, quase como tem para ver a Mona Lisa. E é muito mais bonita (falou a não-expert em artes, com toda a admiração incontida que professo por Leonardo, que acho que inventou tudo). O Portão de Ishtar está no Pergamon.

É claro que facilita, mas a gente se pergunta: como e porque o patrimônio cultural de um país está em exposição num museu tão distante (diga-se de passagem, mediante pagamento)? É claro, em alguns casos, pode significar o resgate e a salvação da peça. Em outros não - até porque nas guerras a pilhagem é livre. Aconteceu na II Guerra Mundial, aconteceu na Guerra do Iraque, e ainda tem a barbaridade que o Taliban fez no Afeganistão com as estátuas...

City Tour


O que eu joguei fora: revistas de viagem. Antes eu comprava compulsivamente. Agora penso 2 vezes. Vale comparar as indicações. Aliás, toda informação que se refira a distâncias deve ser pesada em sua relatividade. Mesmo com um mapa na mão. Tudo que parece perto não é. Poupem os pés e a coluna, independente da idade. Compensa fazer pequenos intervalos durante as andanças do dia para poder aproveitar a noite. Até Deus descansou no oitavo dia.

Bom, se quiser rodar de ônibus turístico (tendo tempo), é só entrar e sair nos pontos, conhecer e voltar. Dá para conhecer a cidade sem cansar. Tem a opção da bicicleta - inviável para mim, deficiente em esportes de qualquer espécie. Mas os transportes públicos são tranquilos. O metrô é complicado - a bendita língua (se alguma obra interromper algum trecho, não ajuda muito saber inglês, nem toda estação coloca o aviso bilingue, e lá fica vc dando voltas... é de matar...). Mas os ônibus são espetaculares, mesmo com o trânsito.

Muita coisa para se ver no meio do caminho, mas a gente quer chegar logo na Av. Under den Linden, a Ilha dos Museus, o rio Spree, a Berliner Dom (catedral do séc. XIX) o Portão de Brandemburgo, atrás o Monumento ao Holocausto, o Reichstag.

O que torna a viagem pessoal, personalíssima, em vez de um amontoado de anotações e fotos iguais às de todo mundo? É como o lugar se relaciona com o que vc é. Por isso eu decidi, sempre que puder viajar, escolher meus destinos de acordo com a possibilidade que eles tenham de me tocar. No caso, Berlim - a Alemanha é a terra dos meus bisavós. Um dia, quem sabe, descubro mais sobre eles. Mas não me deixo levar por guias turísticos. Por ex., ficar na fila para visitar o Reichstag? Pareceu-me programa de índio. Ou eu sou muito ignorante. Escolham. Onde eu li sobre o prédio está lá que é fantástico, que a vista de lá é magnífica, bla bla bla, whiskas sachet, Napoleão... tem os edifícios parlamentares arrojados interligados, e mais bla bla bla. O problema é que se vc ñ estiver num grupo, vai ficar numa fila, se o tempo estiver ruim, como efetivamente estava, pastando e morrendo de frio, no meu caso com fome, e de repente, chega um ônibus com um grupo, despeja a turma, que passa a frente de quem está na fila (que não anda, está esperando sair o povo que está lá dentro, a entrada não é livre, como em museus).

O prédio é transparente, vc está olhando as pessoas lá dentro andando e subindo a passo de formiga, centímetro por centímetro, que nem vc aqui (quando anda), e chega mais 1 ônibus... what the hell?!?!? Pra mim chegou. Vão para o raio que os parta. Desrespeitar a mãe. Deles, claro. Fora os brasileiros trambiqueiros na minha frente, parecendo que estavam dando um golpe em alguém. Bizarro. Vista da cidade? Que mané vista? Ganhei mais saindo dali, e fotografando as árvores de outono, minha grande paixão, e pegando o metrô - a estação é linda mesmo.

Antes do bombardeio e hoje


Lá está a Berlim do século passado - a igreja, que no segundo postal é só um detalhe ao fundo, mas mesmo assim, com presença suficiente para se fazer notada. Seguindo a Ku'damm, você chega na Tauentzienstraße onde está, um pouco mais à frente, a segunda maior loja de departamentos da Europa (perde somente para a Harrods, em Londres, segundo li - e que mesmo depois de duas passadas na cidade, não conheci... não me interessei o suficiente?!?). Não é como a Bloomingdale's, a Macy's ou a Saks em NYC. Ou, sei lá, se eu tivesse entrado pela frente da primeira vez, seria igual, e tudo bem, é a mesma coisa, tem os balcões das griffes de perfumes, e por aí vai. Diga-se de passagem, muuuuuuuuuuito mais educados que qualquer lugar aonde já fui. Reforçando: os alemães são extremamente educados. Ao contrário do que se possa pensar (eu mesma já ouvi alguém dizer isso), eles não são rudes. Estes são os americanos. Não importa se você está nitidamente necessitando de ajuda, eles viram a cara. Na Europa eu já recebi ajuda na França, Inglaterra, Alemanha, República Tcheca... e na Alemanha, com exceção da moça em Munique que virou a cara quando eu disse que ñ falava alemão. A única. Todos os outros muito gentis. Ah, sim, a Bélgica foi a exceção.
Pois bem, no KaDeWe eu não me senti uma turista da classe econômica - que é o que eu sou, e que é como as vendedoras da Victor Hugo nos tratam.
Mas o problema, como eu dizia, é que eu entrei pela lateral: e dou de cara com a vitrine de uma dessas griffes de luxo. Nem lembro qual era, acho que Gucci. Assim, uma bolsinha, uns 2000 euros. Não sabia se continuava ou se saía correndo. Nunca me senti tão pobre. Basta dizer que fui umas 6 vezes a NYC pra ter coragem de entrar na Tiffany's, e nunca entrei na Louis Vuitton lá fora, só em Ipanema (aliás, as vendedoras daqui são bem mais educadas que as da Victor Hugo). Deve ser um problema de autoestima (meu). Mas civilidade é o que é: as vendedoras da Victor Hugo de Ipanema, que parecem socialites, parecem princesas da cordialidade. As do Rio Sul se acham. E as do Shopping Nova América... estão procurando. Esqueceram que trabalham por comissão (Pretty Woman, lembram?).
Então, comprei minhas coisinhas, babei diante dos chás, queijos, da vista do restaurante e saí encantada com o serviço de todos. Depois tive de voltar para pedir a declaração de tax free, mais qualidade no atendimento. Essa é uma das razões pelas quais gosto de viajar pela civilização. Dá tanta tristeza de voltar...
(aliás, por falar em retornar, quando bati no KaDeWe de novo, tive o cuidado de entrar por outra porta... outro choque de griffe poderia ser fatal...)

KaDeWe
Photo taken by Dieter Brügmann on 2005-04-15
Source: de.wikipedia.org: 18:22, 15. Apr 2005 . . Bruhaha . . 1200 x 1600 (401920 Byte) (Berlin, Kaufhaus Des Westens, Haupteingang Fotografiert von Dieter Brügmann am 15. April 2005. {{Bild-GFDL}})

Leveza

Boa parte de uma viagem se faz a pé, embora Berlin não facilite muito... ali, na Meinekestrasse, onde ficava meu hotel, passava por um pequeno supermercado, logo ao virar na Ku'damm já estava no ponto do ônibus turístico.
Quase em frente, uma loja da Häagen Dazs, mais à frente uma Starbucks, café da manhã, uêba! Chá e cheesecake, o que mais se pode querer?
Mais um pouco, H&M, a cadeia indefectível que vc encontra em NYC, e por várias cidades da Europa. Muito conveniente. Echarpes, guarda-chuvas, blusinhas, gorros, luvas... preços que cabem no bolso. Atravesse a rua e lá está a igreja Kaiser-Wilhelm. Péssimo nome para uma igreja. Igrejas (templos) são consagradas a um santo ou a Deus, ou seja lá quem o represente, dependendo da religião. Não à autoridade de plantão.
Na esquina da estação do metrô (Uhlandstrasse) ali perto tem essa banca vendendo cartões postais que eu não encontrei em lugar nenhum. Do jeito que eu gosto, com um toque de ironia. Coleciono-os de todo tipo, inclusive os comerciais, aqueles que chamam Mica, mas se eles tiverem algo que os diferencie e me remetam ao lugar que visitei, tanto melhor. Um dia a memória falha.
Good girs go to heaven, bad girs go to Berlin, será que foi por isso que eu fui? =D

Seguindo

Uma pesquisa no Google com a palavra 'viagem' dá 31.100.000 de resultados. Se tentarmos em inglês ou formos mais precisos, por ex., especificando locais, outros tantos resultados aparecerão. Em quem confiar? Como não enlouquecer? Ah, tem também a possibilidade de se utilizar uma rede social como Twitter, Facebook, Orkut ou outros. Mais as revistas especializadas e outros experts. Livros. Guias. É ou não uma barafunda? (segundo o Houaiss, mistura desordenada de coisas diversas; mixórdia, baralhada, bagunça). A forma mais simples de resolver a mixórdia é pegar o agente de viagem (não importa o recurso que se use dentre os citados acima, é bom ter sempre um, de confiança) e fazer um pacote e entregar a Deus. Não que isso queira dizer que a partir daí está tudo resolvido. É bom lembrar que a burocracia é forte, e as leis são duras. Mesmo que a Comunidade Europeia não exija visto, e muita gente até tenha dupla nacionalidade, não dificulte: viaje apresentável, esqueça os cintos de cowboy em casa, chaveiros que dão dor de cabeça aos seguranças dos bancos, calce sapatos fáceis de tirar, lembre-se das regras dos líquidos (deixe seu Axe ou seu Rexona por aqui, ninguém vai ficar mais pobre se comprar um desodorante numa drugstore ou supermercado onde quer que chegue... e é ALTAMENTE recomendável!), moçoilas esqueçam as joias espalhafatosas antes que a segurança do aeroporto se assuste com os alertas e a fila seja retardada mais do que o necessário.

Isto posto, se a aventureira está decidida a encarar o destino de frente, no problemo. Eu acho que é melhor mesmo. Já disse e repito: o agente de viagem é imprescindível para a compra do bilhete. O preço é melhor do que comprando pela internet. A não ser quando se tem milhagem. Se bem que a gente conseguiu comprar passagem para Buenos Aires pela Gol direto... é comparar, sempre. Nunca consegui vantagem nenhuma, por ex., pelo Decolar ou Rumbo. Já os preços de hoteis que eu consegui pesquisando sozinha sempre foram melhores. Ou via Lonely Planet, ou, agora, via TripAdvisor ou TripWolf. O TripAdvisor abre uma pesquisa ótima. Vc já sai com tudo resolvido, e a reserva é confirmada pelo seu e-mail pessoal. Vc tem como checar localização, comparar com outros hoteis, e até, na maioria das vezes, opiniões de pessoas que estiveram hospedadas e deixaram suas impressões. Uma dica: se vc ñ conhece o lugar, é sempre um tiro no escuro. Não que a informação seja imprecisa. Apenas é subjetiva. Para um, ficar num lugar tranquilo é o ideal. Para outro, é um saco. Às vezes vc quer ficar em frente à estação de trem, pq só vai dormir numa cidade, está de passagem, e essa localização é sempre distante do centro, feia, pode ser deserta à noite. Mas é conveniente, especialmente para pessoas de negócio. A diferença de preço pesa bastante nas decisões. Por ex., ficar em Paddington é muuuuuuuito interessante. Dali saem trens para todo lugar, inclusive o trem expresso para o aeroporto internacional. E tem a estação de metrô para qualquer lugar, fora o ônibus. Há opções de alimentação variadas, supermercados não muito distantes, internet cafés, Hyde Park a uns 15 minutos a pé. Não é fashion, mas o que se economiza na diária, dá para se assistir a um bom musical, por ex.

Naturalmente, essa é uma prática que se pode adotar com restrições, e sempre considerando a questão do viajante: mulher sozinha é uma categoria à parte. Na dúvida, opte-se pela segurança. Como diziam os antigos, melhor ficar sem os aneis do que os dedos. Não dá para uma mulher viajar solo e deixar de seguir as dicas de 2 sites: http://www.journeywoman.com/SoloTravel/SoloIndex.htm e http://www.smartwomentravelers.com/. Elas estão no Twitter também.

Medo da demência

Brush Your Teeth with Your Other Hand

Using your nondominant hand to do simple chores can improve your mood and your memory; that's because the action stimulates the production of brain-derived neurotrophic factor (BDNF), a protein that encourages the growth of neurons linked to long-term memory and mood. "When you're depressed or under stress, your brain's production of BDNF plummets," says Moses Chao, PhD, professor of neuroscience and psychiatry at New York University School of Medicine. (One of the lesser-known effects of antidepressants, he says, is to raise the levels of BDNF.) Anything unexpected—smelling rosemary first thing in the morning, for example—can activate BDNF.

Desvio


Não seria eu se não fizesse um desvio no meio do caminho para fazer um outro tipo de viagem - talvez a minha favorita (até porque é das mais baratas e não tem nenhum contratempo): ler.

Pois finalmente consegui terminar de ler este livro que comprei em 2007 numa livraria perto da Universidade de Harvard (o único jeito de eu dizer que fui a Harvard - como turista) - W. W. Norton é a editora, New York - London, não custa indicar, porque é muito bem escrito, apesar de encher de tristeza e desesperança o coração de quem gostaria de ver o conflito entre palestinos e israelenses resolvido. Pior, o que foi destruído não tem mais jeito. Talvez esta história tenha a ver com o que eu estava escrevendo antes, por isso o detour. Pessoas desenraizadas de suas casas, terras e história, morte, destruição... isto é o ser humano?

O autor é um jornalista inglês que conta a trajetória do milenar porto de Jaffa, agora parte de Tel Aviv, antes ocupado pelos árabes, por intermédio de pessoas que ali viveram e vivem - árabes e israelenses - sem perder de vista a contextualização histórica.

Abulafia, Abou-Shehade, Aharoni, Albo, Andraus, Chelouche, Geday, Hammami, Meisler são os principais atores (reais) deste drama que começa a se desenrolar na década de 1920. O que me choca mais é a destruição, sempre a destruição. Uma citação do livro relativa ao capítulo 18, extraída do Sunday Times, de 15/6/1969, é de corar (Golda Meir, Primeira-Ministra de Israel): '... asked whether the emergence of the Fedayeen (Arab guerrillas) is an important factor in the Middle East, Mrs Meir replied: "Important, no. A new factor, yes. There was no such thing as Palestinians. When was there an independent Palestinian people with a Palestinian state? It was either southern Syria before the first World War and then it was a Palestine including Jordan. It was not as though there was a Palestinian people in Palestine considering itself as a Palestinian people and we came and threw them out and took their country away from then. They did not exist."

Okay. Let's stop it. Now. Pessoas são estúpidas. Guerras são estúpidas. Ainda mais quando abrem a boca para dizerem esse tipo de bobagem.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Checkpoint Charlie?


Diálogo pateta: eu, entusiasmada, querendo contar para o meu irmão que tinha estado no Museu do Muro de Berlim, no Checkpoint Charlie e perguntei se ele sabia o que era e ele já começou a me dizer o que era. Claro. Desde pequeno o doido já era apaixonado por guerras (!), papai comprou para ele uma coleção que saiu nas bancas, que ele tem até hoje... lógico que a ignorante sou eu, que agora tenho de correr atrás pra entender esse jogo de xadrez pré e pós-guerra que foi e é a Europa. Comprei um livro bem interessante de um estudioso inglês que se radicou nos EUA que é um pensador independente que está ajudando. Talvez seja melhor assim - sacode a poeira do que seria se eu tivesse lido quando tínhamos censura ou pruridos nacionalista.

Impressões: o tempo todo, Berlim me pareceu uma cidade destruída e reconstruída continuamente. Uma mensagem parece pairar: lembrem-se. Não sei se a população a recebe, ou se é só para turistas. Como eu entrei pelo menos 3 vezes no ônibus turístico (o tempo ruim não facilitou a circulação a pé, nem a minha dificuldade com a língua, apesar de se falar inglês por toda a parte - o problema estava nas sinalizações, especialmente nas estações de metrô; para quem anda de bicicleta, se ñ estiver chovendo, as cidades alemãs são extremamente amigáveis), dispensei os guias, por preguiça, e adotei os fones de ouvido. Por isso fiquei com a mensagem subliminar: REMEMBER! Se não me engano, isto é dito explicitamente, quase certamente quando se passa pelo Museu Judaico (capítulo à parte).

Talvez também por ter sido bombardeada pesadamente, Berlim não tem as construções densas de outras cidades europeias, ou mesmo de Nova York, Rio e São Paulo. São espaços abertos, amplíssimos. O que vem à cabeça é grandiosidade. Poder. Não tem jeito, parece estar no DNA. Todas as cidades têm seus monumentos, óbvio, mas quando há construções a sua volta, eles parecem incorporados à paisagem. Talvez o nosso Cristo Redentor reine inconteste por estar no alto de uma montanha e por sua simbologia - braços abertos sobre a cidade, o Senhor, Filho de Deus, ao mesmo tempo protetor e recebendo os visitantes... quero dizer, não "agride". Mas as Portas de Brandemburgo, que ficam na Potsdamer Platz, foram construídas para simbolizar a vitória por um imperador guerreiro. E enquanto a cidade esteve dividida pelo Muro, as Portas estiveram fechadas. Significativo, não?

Não sei, pode ser meu DNA, pode ser o ar, mas a cidade é diferente. Enquanto os rapazes agora posam no Checkpoint Charlie para os turistas como soldados soviéticos e americanos, tiram fotos para simular como era no tempo em que se precisava de permissão para passar, a história não é tão pitoresca. De acordo com ONG alemãs, pelo menos 136 pessoas morreram tentando atravessar o muro. Hoje só restam pedaços dele em pé, e pedacinhos no museu à venda como suvenires. Em Potsdam, cidade contígua, passamos por um local onde ficava a guarda soviética, vigiando e torturando. A II Guerra acabou em 1948, foi um morticínio, sabemos da barbaridade que foram os campos de concentração; depois veio a Guerra Fria, a Alemanha foi retalhada, em 1961 se construiu o muro, e só em 1989 se acabou a divisão do país. Quer dizer, até hoje ainda se vê uma Berlim diferente de um lado e de outro. É só observar os prédios da Friedrichstrasse, onde fica o Checkpoint, cinzentos, institucionais. Parece que todo tipo de fundamentalista quer banir a beleza, seja lá sob qual pretexto for. Qual é o medo? Hipocrisia, creio.

De qualquer forma, a ignorância nunca é uma bênção. Pode-se sofrer menos, é certo, mas é temporário. Uma hora ela vai bater na sua testa. Pelo menos é o que eu acho. Mas eu fui feliz por um tempo: quando entrei no Museu do Muro que nem criança que ganha pirulito! Adoro História, ué, que vou dizer? Quando eu acabar de ler o livro terei compensado a burrice prévia...

Se quiser saber mais:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Checkpoint_Charlie
http://www.dailysoft.com/berlinwall/history/checkpoint-charlie.htm

Die Gedächtniskirche



Ainda a igreja bombardeada na II Guerra Mundial... impressionante mesmo. Mas uma retificação, devida à memória falha e ao cretino software de fotos, que poderia ter me poupado: não são vitrais por trás do Cristo. É só a luz que é intensa mesmo, e a própria estátua, que, somando-se a toda a história, mais a exposição de fotos, toda a balbúrdia num lugar que se esperaria ser, como direi, sagrado (!!!), parece que tem a intenção de subverter:

"Vinde a mim todos vós que estais cansados e eu vos aliviarei" - em vez disso, respira-se o pós-guerra, Jesus desta vez esquartejado. Infelizmente, atual, já que apesar das armas químicas, os atentados a bombas continuam em voga. Continuam usando o nome de D's em vão. Nada de alívio, pelo visto.


terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Sempre viajando

Seja por inquietude ou angústia existencial, quiçá ansiedade, sempre estive viajando, de uma forma ou de outra - acabo de perceber. Se antes não podia fazê-lo fisicamente (e, é claro, não sou Paris Hilton, continuo não podendo, só de vez em quando), tinha - e continuo tendo, graças a Deus - meus livros.
Pois vim fazer meu exercício diário (blog é vaidade, mas como cismei com a escrita, e um dos primeiros livros que li sobre escrever é que é preciso ter disciplina, pq não fazê-lo aqui?), e, dispersiva que sou, em vez de retomar o diário da viagem (a de férias), deparei com o livro do rabino Nilton Bonder. Chama-se Exercícios D'Alma, e muito antes de se falar em Twitter, eu já o sigo, fielmente. 10 anos, creio. Não sei como comecei, sequer sou judia. Que eu saiba, pelo menos. Talvez uma cristã nova, ou quem sabe, uma antepassada alemã. Basta-me saber que me encantou, e que tenho uma grande amiga judia que me esclarece os pontos que não entendo da sabedoria.
Pois eu, a grande procrastinadora, estou com a marcação do dia 11/01 (são leituras diárias, pequenas grandes reflexões), caminhando e voltando, me prometendo registrar para pensar mais um pouquinho. Se deixar, daqui a pouco já estou em 2011. Porque sou assim, penso, adio, adio... depois me pergunto onde foi parar o tempo, sabendo, claro, exatamente qual a resposta, e sabendo também que embora desejando, não faria diferente, porque eu sou meio Gabriela, nasci assim, cresci assim, e não gosto que me apressem, eu mesma já me apresso quando tenho minhas crises de hiperatividade ansiosa.
Acho que o que me chamou a atenção foi isso: "Nossas ações e comportamentos são o que realmente contam". Talvez não. Tem seguimento. Vou lendo dia após dia, ano após ano (não é Alzheimer, acho), e a cada vez me encanto, depois recomeço.
Por exemplo: "O que permanece é sempre o que se nutre da dúvida. As controvérsias verdadeiras são aquelas nas quais estamos prontos a ouvir e argumentar. São, portanto, fertilizadas da dúvida - do coração e da alma abertos." Claro está que não é bem assim. A dúvida nos angustia, nos deixa em crise. E coração e alma abertos são portas para o sofrimento. Quem se arrisca? Judeus e palestinos, talvez? O medo nos faz fechar tudo. Vivemos blindados, a síndrome do pânico nos assedia.
Aí o rabino diz: "A segurança absoluta é a morte. Se optamos pela vida e não pela morte, devemos trilhar o caminho da incerteza." Compreende? Claro, vivemos na incerteza, embora não a aceitemos. Queremos a segurança a todo custo. O medo, sempre o medo. Até então estávamos em um mês de contração. Aí passamos a um mês de equilíbrio. Expansão de equilíbrio. E ele cita Graham Greene: "Quando não estamos seguros, estamos vivos." "Quando os caminhos já estão predeterminados, a vida perde força. Sem flutuações, interações, escolhas e apostas não é possível se estar vivo."
Mas e quem paga as contas? E o povo do Haiti que não tem comida? E o emprego?
O rabino nos diz que "o pessimista perde sua vida preso à inércia; já o otimista se torna um alienado." Acho que entendo. Nem conto de fadas nem mala sem alça. "O que de mais terrível vi foi a tristeza do olhar daqueles que desperdiçaram oportunidades nesta vida. Fique atento à vida. Faça, ouse e busque. Mas acima de tudo, não ouça ninguém sem ter antes escutado o seu coração.
Quando eu quis escrever, em primeiro lugar, tinha uma ideia, que acabou por se converter noutra, completamente diferente. O que estava subjacente sempre foi uma tomada de decisão de vida, que é disto que se trata - na verdade, a cada momento, tomam-se decisões de todo porte. Mas a angústia ou a ansiedade foram crescendo e de repente eu fiquei achando que poderia deixar a cargo de outras pessoas tomar a decisão por mim. Erro. Só eu sou responsável pelas minhas escolhas. Vamos ver no que dá.

A Igreja Protestante Memorial Kaiser William (em alemão Kaiser-Wilhelm-Gedächtniskirche) se localiza na Kurfürstendamm - ou, como costumam chamar, Ku'damm - no centro da Breitscheidplatz (mais detalhes em http://en.wikipedia.org/wiki/Breitscheidplatz), no distrito de Charlottenburg, perto do Tiergarten, do Zoológico, do KaDeWe, de uma estação de metrô cujo nome eu estou tentando lembrar porque tem uma inscrição que eu anotei e decifrei, muito curiosa (fica para depois).
O que distingue essa igreja é que ela não é um lugar exatamente de culto - a igreja original foi construída por volta de 1890, mas foi bombardeada em 1943. O prédio atual foi construído entre 1959 e 1963. Ou seja, vê-se o exterior, semi-destruído, e o interior, no térreo, convertido em um memorial (além de prédios anexos).
À esquerda da escultura de Cristo há uma cruz doada pela Igreja Ortodoxa Russa em 1988. Embora eu confesse que não lembro da cruz - o Cristo contra a luz que provém dos vitrais é algo impressionante, assim como os mosaicos deslumbrantes que adornam o teto da igreja. Contraponto às figuras políticas que se misturam às religiosas. Fazer o que? Mesmo tendo me despedido da religião católica na adolescência, meus ícones permanecem - não dá para misturar um governante com Santo Antônio, por exemplo. E nem venham me dizer que canonizaram um rei de França. Bleargh. Nunca disse que sou lógica.
Voltando: a igreja é emocionante pelo que representa, como toda Berlim - acho que desde o momento em que se entra no ônibus turístico, os fones de ouvido martelam esse refrão: não esquecer. Embora eu não tenha certeza se isso está no inconsciente coletivo do povo. A vida nos faz naturalmente esquecidos. Se ñ fosse assim, seria muito difícil viver... a angústia tomaria conta de nós e acabaríamos todos com síndrome do pânico. Pois converteram o templo em um símbolo de duplo sentido: por fora, igreja, e símbolo de expiação; por dentro, se ainda conserva traços do templo, foi esvaziada, e tem em suas paredes uma exposição de fotos, além de um balcão onde vende lembranças do memorial.
Emocionante? Indubitavelmente. Mas, como todo reality-show, precisa explorar essa emoção para pagar o custo da reforma. Ou algo assim. A vida está cara. Valeu a pena? But of course. Iria de novo e recomendo.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Um pouco de Jane Austen


Uma parte de meu espírito é muito velha (muito mais do que o corpo, que este vai virar pó, de qq jeito), e outra tem a idade do momento: se eu vir um picolé de uva da Kibon, serei criança outra vez, e deixarei de lado qualquer desejo por um sabor mais sofisticado. Talvez até viaje no tempo em uma lembrança fugaz de uma visita escolar a uma fábrica de sorvete, talvez a própria Kibon da época, em São Cristóvão, ali perto da Mangueira ou algo assim. Tinha uns 6 anos e estava com a perna engessada. De nada mais lembro, mas parece que foi muito legal, pq a lembrança ficou, apesar de tudo que vai se esvaindo entre os neurônios...
Posso também ter novamente 16 anos, quando passava pela rua que fica do lado do Colégio Militar e cujo nome não lembro, e sai na Almirante Cochrane, ao sair do cursinho pré-vestibular, por volta do meio-dia, e morta de fome, depois de estudar em ritmo de fábrica desde 7 da manhã (nada de lanchinho, não tinha $$$ para isso), passava por aqueles pequenos prédios de 3 ou 4 andares e sentia os cheiros deliciosos dos almoços que já estavam quase prontos, fazendo meu estômago delirar - tudo porque quando estou saindo para o trabalho passo por uma rua onde há uns prédios similares onde já se começa a preparar comida cedo, temperada à moda caseira, cebola e alho, cheiro mais do que seguindo, perseguindo a gente, perguntando onde foi parar a simplicidade, o feijão-com-arroz. Ah, e o inesquecível é que por duas vezes eu cruzei com Gonzaguinha ali naquela rua.
E tem a eterna apaixonada por Jane Austen. O que pode abranger muita coisa. Seja lá como for, como eu não tenho de me justificar para ninguém, aos costumes: considerando-se que Jane já morreu há quase 200 anos, e ninguém conseguiu assegurar o copyright sobre seus personagens, qualquer pessoa pode fazer o que quiser com seus livros e personagens.
Não sei quantas adaptações cinematográficas já foram feitas, se existe alguma para o teatro (deixo essa investigação para os pesquisadores mais sérios, nacionais, como a Adriana Zardini, da Jane Austen Sociedade do Brasil - http://janeaustenclub.blogspot.com/) e outros, tanto quanto, que não tenho como citar, assim como os internacionais.
E existem também as produções literárias. Ah... tem de tudo. Dizem que Deus não dá asa a cobra. Talvez seja por isso que Ele não tenha me dado mais ousadia para perseguir o mestrado que tanto eu queria fazer em Literatura. Vai que eu conseguisse, e tivesse me tornado crítica literária ou algo assim... nem eu mesma me aguentaria.
Resumo da ópera: se eu ainda estou tentando descobrir o mistério da publicação de Pride and Prejudice misturado com os zumbis, que é a enganação do século 21 (junto com os panetones de Brasília, claro) - ou seria uma mistura de séculos, já que rouba o texto de Austen? - ainda não consegui concluir sobre este 'A Little Bit Psychic'. Lembrou-me um prato que experimentei lá em Belo Horizonte, chamado 'mexidão' (acho que era isso), recém-chegada na cidade e me juntando a uns amigos num bar no centro da cidade. Explicaram-me que era meio que uma raspa do tacho, juntavam as sobras e faziam aquele arroz. Dizia mamãe que a necessidade é a mãe da invenção (da fome tb). Não sei o que Jamie Oliver ou Nigella diriam. Minha fome ficou saciada, mas eu nem quero saber a origem daquelas sobras. O que um haitiano não daria por aquele mexidão!!!
Poizentão. Tentando exigir mais dos neurônios "analíticos": pegar os personagens de Pride & Prejudice e um roteiro previsível, mais o mapa do metrô de Londres, colocar umas cenas mais picantes, adicionar uma pitada de esotérico não devia gerar um livro. Ainda mais um que custa US$9,99. Fora o frete da Amazon. 110 páginas. ~fini~ É assim que termina a autora. Oui. C'est ça. Do you believe? Pas moi. Jane Austen não merece.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Voltando um pouco

O sapato

Um dia um homem já de certa idade abordou um ônibus. Enquanto subia, um de seus sapatos escorregou para o lado de fora ... a porta se fechou e o ônibus saiu, ficando impossível recuperá-lo.

O homem tranquilamente retirou seu outro sapato e jogou-o pela janela.

Um rapaz no ônibus, vendo o que aconteceu e não podendo ajudar ao homem, perguntou:

- Notei o que o senhor fez. Por que jogou fora seu outro sapato?

O homem prontamente respondeu:

- Para que quem o encontrar seja capaz de usá-los. Provavelmente apenas alguém necessitado vai dar importância a um sapato usado, encontrado na rua. E de nada lhe adiantará apenas um pé de sapato.

O homem mostrou ao jovem que não vale a pena agarrar-se a algo simplesmente para possuí-lo e nem porque você não deseja que outro o tenha.

Perdemos coisas o tempo todo.

A perda pode nos parecer penosa e injusta inicialmente, mas a perda só acontece de modo que mudanças, na maioria das vezes positivas, possam ocorrer em nossa vida. Acumular posses não nos faz melhores, nem faz o mundo melhor.

Todos nós temos que decidir constantemente se algumas coisas devem manter seu curso em nossa vida ou se estariam melhor com outros.


Estou com essa "história" na cabeça desde que me "perdi" em Praga. Pois deixei de contar que quando tirei a luva, minha luvinha de cashmere, que comprei num posto da Oxfam em Londres no ano anterior (coisas doadas), pra me salvar do frio inesperado, fiquei tão perdida (literal e psicologicamente) que não percebi que a luva se foi. Deve ter caído por lá, em Bilá Hora. Que, parece, segundo o Google, é o nome de uma batalha histórica. Nem quero saber, guerras, guerras, fome, terremotos, mortes, aquecimento global, frio no hemisfério norte, calor no hemisfério sul, tudo extremo, todo mundo sofrendo, fico me perguntando se vale a pena sorrir diante de tanta dor, às vezes. E o tempo todo eu martelei na cabeça a história do sapato, se eu tivesse percebido teria jogado a outra luva pela janela do ônibus... pelo menos alguém poderia ter aproveitado o par. Mesmo que eu tivesse congelado na estação no dia seguinte, às 5:30 da madrugada, esperando o trem para Berlim, com uma temperatura de uns 3 graus.

Parece retórica, mas não é, pq simplesmente não há ganho. Não concorro a nada. Quando me apego a algo, assumo. O exercício do desapego não é uma coisa muito fácil - há uma tradição, que também é uma contradição: guarda-se muito e doa-se muito em minha família. Somos todos loucos, por Tutatis. Mas que belos narizes. Nem todos. =D

Divago. Também um hábito.

Era isso. Lá se foi a luvinha verde adquirida numa loja de caridade. Não serviu a ninguém, virou lixo. A que restou não tive coragem de descartar. O par que a substituiu fez um mau serviço - é de fibra sintética, e deixa os dedinhos de fora (pensei que seria bom para tirar fotos e aqueceria do mesmo jeito, bobagem, tremenda inutilidade). Quanto tempo levará até que eu tenha coragem de descartá-la ou descobrir alguma utilidade para ela? Coisa de louco.

Enquanto isso é certo que as coisas mudam constantemente, e perdas e ganhos são ilusórias se acharmos que nos definem.


sábado, 16 de janeiro de 2010

Finalmente, Berlim


MUSEUMSINSEL - uma "ilha de museus" na parte norte do Rio Spree, no centro de Berlim, com cinco museus - Pergamon, Altes, Neues, Bode e Alte Nationalgalerie. Patrimônio Cultural (UNESCO). Conte-se aí: Portão de Ishtar, Busto de Nefertiti, e outros.
Se eu falasse a língua, poderia dizer que estaria em "casa". Mamãe ficaria feliz. Mas de onde será que eram meus avós??? Oh, well.

Karluy Most

Ponte Carlos

Catedral



Viajar é passar de um lugar para outro, física e mentalmente. Com todas as ansiedades que isso envolve. E os sustos. Essa balela de ser uma mulher do século 21 não rola. O avião pode cair, balas perdidas circulam todos os dias, terroristas estão no cardápio todos os dias, e desde que nascemos podemos morrer ou sofrer acidentes. Drama? Não. Realidade. Cabe manter o medo em um nível de normalidade, sabendo que o que será, será, e confiar que serei capaz de tomar a melhor decisão possível na hora certa. Whatever. E contar com a ajuda divina, porque conto mesmo.
Porque depois daquele motorista de táxi mafioso, ainda achei de me perder no meio do mato em Praga. Ora, pois. Já contava com alguma façanha do tipo, em se tratando de andar por países de língua que não domino, mesmo quase todo mundo se comunicando em inglês. Só que tem as benditas placas, etc. Já tinha até andado de metrô, ido ao castelo, já estava descendo, quando de repente me vi num lugar diferente. Diferente, leia-se, um bairro residencial, sem ninguém nas ruas a não ser algumas crianças brincando, numa tarde de sábado, nenhum comércio à vista, ninguém para dar informações. Pânico se formando. Começo a andar rápido, muito rápido, chego num lugar que parece mais uma zona industrial, e num ponto de ônibus. Algum alívio. Resolvo pegar um ônibus (ou bonde, sei lá como chama aquilo). Os passes se compram no próprio ponto, numa máquina, com moedas. Tenho poucas, não adianta ter muito daquele dinheiro já que parto no dia seguinte, e quase não vem troco em moedas.
Pego a tal condução, tralalá. A direção é um lugar chamado Bilá Hora. Tudo que queria eu era descer mais rápido do castelo e chegar na Ponte Carlos. Só que o tram seguiu toda vida por uma estrada muito bonitinha, campos verdejantes... e eu cada vez mais desesperada... olhava para um lado e para outro, só procurando onde encontrar uma maquineta pra comprar outro passe de ônibus e... NADA! Sentar e chorar? Minha solução favorita é ir até o ponto final e decidir, foi o que fiz. E rezei. Muito, mas muito mesmo.
Cheguei num lugar que era um subúrbio, uma província, muito bonitinha, mas não tinha nada, nadinha. Ponto final, tinha a maquininha. E eu não entendendo nada. Olhava, um burro olhando pro palácio. Peguei as moedas, tentando decidir o que comprar pra fazer o trajeto de volta. Um frio de rachar, tirei uma das luvas. Aí veio um anjo da guarda, essa moça que compensou as pragas (com o perdão do trocadilho) infernais que me azucrinaram antes, e perguntou - em inglês (!) o que eu precisava, pegou as moedas, comprou o bilhete, me explicou tudo, rasgou um pedacinho de papel dela, que é esse aí em cima, escreveu o nome da estação onde eu deveria saltar e o nome da Ponte Carlos em tcheco, e falou em inglês, para garantir que desse certinho. Não é um anjo? E tem quem não acredite.
Pois foi assim a minha viagem. Abençoada. Por isso eu falei das pessoas ruins, caso alguém leia o que eu escreva, para alertar, mas deixei pra lá, porque fica à conta das intempéries normais da vida. Mas tanta gente boa apareceu para me ajudar - essa em Praga tinha asas honorárias, realmente, e os hosts do Dahlia Inn também foram muito fofos, mas o menino que espontaneamente me deu direções na estação de trem em Berlim, ou a senhora que me ajudou a carregar a mala em Londres na estação, o senhor no trem na Victoria Station também em Londres são exemplos de que a humanidade tem corações solidários pulsando por aí, no dia-a-dia, em ações simples. A essas pessoas minha gratidão eterna e uma prece diária.

Ainda Praga (e sem senilidade)


Ufa, sabia que já tinha escrito uma ou outra coisa, e publicado algumas fotos, mas a preguiça e o calor horrendo somados à minha dispersividade infinita me levavam a nunca checar e adiar até o dia do Juízo Final esta missão ('Diário de Viagem I'). Tarefa cumprida, aceleremos, que eu mesma já não me aguento. Finda a última pausa, língua quase no chão porque a subida é de matar, chega-se ao "castelo", que é, na verdade, um conjunto de coisas (castelo, catedral, etc.), onde está a sede do governo, e domina a vista da cidade. A Wikipedia diz que ocupa uma área superior a 72,5 mil m², e por conta disso é considerado o maior castelo do mundo, segundo o Guiness (v. http://pt.wikipedia.org/wiki/Castelo_de_Praga).
É muuuuito grande. A gente cansa pra subir, cansa de ficar na fila pra entrar na igreja, tem vontade de espancar o pessoal que aluga os equipamentos de áudio (muito mal-educados), tem vontade de dar uns tabefes nos chineses mal-educados que não respeitam a fila e vão se esgueirando pra ficar tudo juntinho feito irmão siamês, fora que ainda não deu pra engolir o cretino do motorista de táxi da chegada. Não custa repetir: NUNCA confie em motorista de táxi de rodoviária do Rio, do aeroporto de Buenos Aires e da estação de trem de PRAGA. O sujeito tinha até impressa uma tabela plastificada em euro e kronos (a moeda que eles usavam ano passado - supostamente este ano eles entram na zona do euro), e parecia um mafioso. Infelizmente, cheguei à noite em Praga, e não tinha como passar a noite na estação, e não tinha como visualizar a distância até o hostel, que ficava pertíssimo.
Então, dos conselhos que li, sobre possíveis pickpockets, etc., não tive problemas, mas com relação aos motoristas de táxis, foi na mosca: o que se salvou foi o motorista que o host do hostel chamou. Perfeito. Mesmo sem quase falar uma palavra de inglês, honestíssimo. Que Deus o abençoe.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Pausa para reflexão: D. Zilda Arns

Hoje em dia é possível se escrever qualquer coisa - a internet está aí para isso mesmo. Qual é o valor agregado final é outra história. Porque eu escrevo? Um dia eu paro para responder esta questão. Hoje eu só vou escrever sobre D. Zilda Arns. Ontem fiquei zapeando da GloboNews para a CNN, sem avançar além do que seria possível saber sobre o terremoto no Haiti. Mais uma tragédia para a humanidade - um povo paupérrimo, mais um exploradíssimo no terceiro mundo.

Que coisa, isso, e esses governantes que continuam se elegendo com base no populismo, e o povo ainda na miséria, sem educação, etc. etc.

Mas tem gente, como D. Zilda Arns, que chovendo ou fazendo sol, médica pediatra e sanitarista, fundadora e coordenadora internacional da Pastoral da Criança, e mais um monte de coisas (http://www.pastoraldacrianca.org.br/biografia_dra_zilda.html), reconhecida nacional e internacionalmente (ela sim, deveria e merecia receber um Nobel, muito mais do que Obama - por coisas realizadas), saiu por aí e foi cuidar de quem mais precisa, crianças e mulheres.

E lá foi ela: o soro caseiro, a multimistura... coisas simples e baratas... mas parece que o simples e barato não interessa, porque será???

Mais uma vez, vão os bons embora, como Sergio Vieira de Mello também foi. Ficam os ruins. É muito triste. Lamentamos por todas as vítimas das tragédias, cada vida é importante, mas se perde tanto mais quando a pessoa leva consigo um pedaço da nossa esperança de que algo pudesse mudar.


Pausa refrescante

Praga: Josefov


JOSEFOV
Bairro judeu a 5 minutos a pé da praça central, reúne 6 das mais antigas sinagogas da Europa, como a Staronová de 1270, e um cemitério construído em 1470, com 12 mil lápides. O bairro foi reformado na virada do século, por exigência do governo, que via nos edifícios antigos uma ameaça à saúde pública. Hoje, a arquitetura em estilo art nouveau domina a paisagem.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

São Jorge Guerreiro, podem acreditar!


Não achei o Menino Jesus de Praga, pq não havia menção nos meus guias, mas o São Jorge estava bem no meio da praça onde fica o Castelo de Praga. Praça, sei lá, é um local imenso onde tem um combinado de prédios, castelo, igrejas, museu, nem dá pra ver tudo, depois de uma subida imensa, haja fôlego (o que restou você perde quando vê a vista!).

Praga é linda!

Relógio astronômico


A cada hora cheia, um boneco representando a morte aciona um carrilhão por onde desfilam bonecos de 12 apóstolos seguindo São Pedro, diante de uma multidão que lota os arredores. O relógio, construído em 1410, mantém o mecanismo original reformado entre 1592 e 1572.

Praga: passagem para a cidade "velha"


Nunca fui a Roma, mas parece que em Praga, todos os caminhos também levam à Praça Central. Vielas, arcadas, lojas, bares, restaurantes, algo "labiríntico", medieval. Que é realmente o que atrai, creio. Pode ser meio confuso, mas é certamente fascinante. Há quem diga que há um certo exagero por parte do turista no uso da câmera, especialmente depois da invenção das digitais. Pode ser. Tento tomar cuidado e não olhar o mundo através das lentes. Especialmente por não ser fotógrafa profissional. Mas penso na imagem como complemento da memória. Não me seria possível evocar todos os momentos vividos com tantas impressões novas quando tudo é tão interessante e nada é rotineiro. Uso então a câmera da forma mais liberal e louca possível: fotografo prédios, meus favoritos, cartazes, qualquer curiosidade, coisas diferentes, atipicidades, e também aquilo que é marco. Infelizmente, não dá para registrar tudo que eu acho belo - só de arquitetura na Europa daria milhares de fotos. Careço de uma câmera melhor e mais técnica, também. Quiçá, um dia. Tanta coisa a aprender, ainda.

Começando em Praga


De tantas imagens possíveis, maravilhosas, é preciso dizer: comer em viagem é essencial. Não comer para sustança, mas para sentir o lugar. Desta vez não foi tão possível. Meu corpo me traiu. De qq forma, ñ sou de comer muito, e beber ñ é minha praia. Sorry. Nada de cerveja, apesar das insistentes dicas dos guias, ou outras sugestões. Todas maravilhosas, tenho certeza, mas além das restrições que tive de me impor, ainda tenho meus gostos pessoais. Tive de conter até o meu amor pelo chocolate. Não deu certo. Tudo que comprei veio para casa.

Pois então, considerando-se os cuidados E a língua indecifrável, para não correr o risco de acabar com um arenque ou um javali (sei lá) no prato, e ñ podendo partir para a solução de sempre (um croissant de chocolate), meu café da manhã era a minha comfort food de todos os tempos, conforme doutrinado por mamãe: chá e o que quer q ñ contivesse chocolate. E que lugar mais apropriado para comer se não uma deli chamada Coffee Heaven? Tire o 'coffee' (que eu não bebo nem nunca bebi café) e deixe só o 'heaven'. Depois de passado o susto, o meu maior terror na viagem, que era chegar em Praga, tudo seria o céu. Deixem-me com a minha crença, os gurus dizem que pensamento positivo serve para resolver tudo.

E o céu se abriu. Chazinho com cheesecake. Nham. Perfect. Um bom começo de dia. Teve depois o susto do dia, para ser balanceado com o anjo da guarda. Hummmm... ñ tinha pensado nisso. Heaven. Perfeito.

Next stop: Praga


Já falei do motorista de táxi ladrão? Não custa lembrar. Agora que a República Tcheca entra na zona do euro, talvez o problema diminua. Mas, de qq forma, considerando-se que passei pelo mesmo problema em Buenos Aires, no reveillon, e que acabei de ler no Jornal do Brasil que uma "turma do mal" toma conta dos arredores do Corcovado, no Rio de Janeiro, e os táxis fazem a corrida por 5 vezes o preço da bandeirada, é óbvio que o problema é universal.

Fica o problema na cota dos aborrecimentos de viagem. Que, somado à grosseria de 1 moça e 1 rapaz que vendiam tickets para a entrada do castelo de Praga, são as únicas reclamações que tenho a fazer da cidade.

Já de cara, a recepção no hostel (Dahlia Inn) foi inusitada. Fora o medo que o motorista de táxi ("give me my money, madam") me provocou, e o fato de que a rua estava completamente deserta (ñ era um local "fashion", embora muito perto de tudo - tanto da estação de trem, como do centro, e se eu gostasse, ainda tinha um cassino na esquina) e escura, a sinalização era imperceptível. Só dava para ler 'Exchange'. Por sorte, chegaram 2 hóspedes, parece que eram americanas, e havia um bilhete, supostamente para mim (o host estava em algum lugar e deixou um telefone para eu ligar ?!?!), pq eu era a única hóspede aguardada para aquele horário. Problema é q meu telefone estava sem bateria - razão do meu short tour em Viena, e de qq forma, eu me enrolaria toda para fazer uma ligação internacional, com mala no meio da rua, no escuro, nervosa, etc. etc.

As moças abriram então a porta, e ainda se ofereceram para ajudar a carregar a mala. Eram 3 ou 4 lances de escada. Ai, ai. Não deixei, claro. Só de ñ ficar na rua já foi um espetáculo. Mesmo achando estranho: e se eu fosse uma golpista? Hum. Golpe complicado, claro. Oh, well. Assim que chegamos ao andar da recepção, que era o mesmo do meu quarto, o host apareceu. Über simpático, tudo muito fofo, internet grátis, recepção nota 1000. Quase compensou o motorista ladrão. Eu digo quase pq detesto ladrões, mas o Dahlia Inn é ótimo. Apesar das escadas. E da loucura da recepção com seus bilhetinhos. Mas a distância é superconveniente, eles são muitíssimo prestativos, me ensinaram a chegar na estação de trem, que fica muito perto (aí é que me deu mais raiva do motorista de táxi). Fui lá, comprei minha passagem para Berlim, e depois fui visitar a cidade. Espetacular. Só para finalizar falando bem do hostel, eles ainda chamaram o táxi para a estação de trem, e deu certo a garantia, correu tudo bem, mesmo sem falar nada de inglês, o senhor foi honesto e a corrida foi bem barata. (Não sei se descobri pelo TripAdvisor ou pelo TripWolf, mas é uma graça e a relação custo-benefício ótima).

http://www.dahliainn.com/

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010


MuseumsQuartier Vienna/Vienne
www.leopoldmuseum.org
Mariahilfer Strasse

domingo, 10 de janeiro de 2010

Caipirinha Bar (em Viena)



Para quem duvidar, clique nas imagens... ñ entrei, já ñ sou de beber, e era de manhã... nem devia estar aberto. Mesmo que estivesse, cachaça com açúcar e limão não combinam com Viena. Né? =/

sábado, 9 de janeiro de 2010

Antes do amanhecer


'Baudelaire disse: "A forma de uma cidade muda mais depressa, lamentavelmente, que o coração de um mortal". Ainda assim, a continuidade se firma em certas formas. A Idade Média deu à cidade, ou à maioria delas, um espaço rodeado por uma muralha, cujo vestígio subsiste mesmo quando as muralhas desapareceram. (...) Se o centro perde em energia, ganha em prestígio; é que ele permite ver num relance a cidade: sua beleza o resume. O centro sobrevive e provavelmente sobreviverá por muito tempo pelo recurso ao imaginário.'
Jacques Le Goff, Por amor às cidades

Etapa seguinte, Viena. De Munique, trem. Muito fácil, nem foi necessário comprar Eurail, que era mais caro e complicado, pq tinha de reservar e já estabelecer as datas. Vai que dá zebra? O plano era chegar e comprar na hora. Penso que só hotel e avião é que não pode fazer isso. Corre-se o risco de ficar plantado.
Nos meus mínimos preparativos, apurei que outrora Viena foi cercada por essa muralha chamada Ringstrasse. Que virou uma "rua" (redonda, será? tenho de ver o Google Maps), que muda de nome algumas vezes. 'Strasse' é rua nessa língua difícil, e 'Ring' seria o mesmo que em inglês, anel? Oh, well. A estação de trem é super. A cidade ñ me deixou encantada, não sei a razão. Acho que estava nervosa. Muito pouco tempo para ver o que eu queria: Klimt (de preferência 'O Beijo' - meu favorito de todos os tempos, tenho a reprodução na minha sala), queria, se possível, ir ao túmulo de Beethoven (o único que já quis ver em minha vida, desde que assisti ao filme Immortal Beloved, com Gary Oldman, magnífico, e me fez chorar, coisa rara em filmes: com a regência da Nona Sinfonia, divina, com a carta à amada e a cena final); e provar a tal sachet torte. Parecia fácil. Ahã. Not!!!!!!!!!!!!
Os "astros" conspiraram contra: o hotel não tinha uma porcaria de um adaptador de tomadas para eu carregar minha câmera digital e, claro, pela Lei de Murphy, ela descarregou (aaaaaaahhhhhhhh, agora sei pq eu tenho pouquíssimas fotos de lá!!!!!). Fiquei com medo de chegar a Praga e o prejuízo ser duplo - conclusão: pragmatismo é a solução. Seguir a Ringstrasse, ver o que tem no caminho, achar a Ilha dos Museus, ver o que tinha Klimt, e dar-me por (meio) satisfeita. O tempo que sobrasse, achar a rua de comércio e catar uma loja que vendesse o tal adaptador.
Resumo da ópera: a Ilha dos Museus é de tirar o chapéu. Assisti a uma bela exposição no museu que escolhi (Leopold Museum) - Schiele & Klimt. Passei por um belíssimo parque - Parque da Cidade, onde há uma estátua de Strauss tocando violino linda (dizem que é super fotografada e tem de ser, porque foge àquela mesmice daqueles políticos ou mesmo daquelas esculturas de inspiração greco-romana, e tudo que evoca a música me fala ao coração...). Conheci o Danúbio (que não é azul...). Vi até um bar chamado 'Caipirinha'. Não entendi nada. E nada de sachet torte. Não achei o lugar famoso. Acabei no McDonald's (tenho um trato com minha sobrinha: ela coleciona os brindes do McLanche Feliz - como eu estava com fome e ñ tinha 1 segundo a perder antes de pegar o trem...). E achei o adaptador. Final (quase) feliz. Digamos, agridoce. Como eu gosto desses sabores, tudo bem. Diz uma amiga minha que é um pretexto para voltar. Não foi a minha intenção. Planejei exatamente para saltitar, desse no que desse. A vida dirá.
No dia 30/12/09, estava passando Antes do Amanhecer, com Ethan Hawke e Julie Delpy, que eu ainda ñ tinha visto (apesar de ter o DVD). Fui interrompida por um telefonema, mas deu para ver algumas cenas e talvez até reconhecer alguns lampejos de Viena. Acho. Adoro isso, aliás, é uma das coisas que me deixa contente em viajar e me faz sentir que "conheço" um lugar: começa com a pesquisa prévia, ler o máximo que eu posso, contextualizar. Depois chegar, andar, comer, se possível, tendo oportunidade (pois não sou extrovertida), falar com as pessoas. Por isso tb fico irritada de passar pouco tempo, ñ dá para "sentir" o lugar. E se ñ entendo a língua, pior ainda, é como se ñ conseguisse respirar direito...
Quando consigo escrever durante a viagem, as coisas vão se encaixando, consigo reproduzir o que sinto em tempo real. Depois fica mais difícil. Aí, quando retorno, conto para as pessoas o que vi, e as memórias vão se cristalizando, e adquirindo outras tonalidades, talvez até se modificando, seja se fundindo com lembranças já existentes previamente, seja se perdendo, pois ñ é possível reter tudo, ou se confundindo, ou, quem sabe, se reinventando... é aí que entram "memórias alheias". Se vejo uma foto ou assisto a um filme, certamente a qualidade, a nitidez ou o ângulo são diferentes ou melhores. A memória se sobrepõe ou completa a minha. É ao mesmo tempo um reconhecimento, uma renovação e um preenchimento de lacunas. Um aaahhh! e um oooohhhh! aqui e acolá...
Parece que tudo que espero de uma viagem é isso mesmo: aaaahhhs! e oooohhhs! O que esperar mais?

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