sábado, 16 de outubro de 2010

Downtown Rio

Feira do Lavradio - Lavradio's Fair: Antiques, Crafts, Bric-a-Brac, Music, Food, People, with colonial buildings along the street and neighborhood, but with a very modern cathedral nearby (Roman Catholic Church). 










Walk around:

Theatro Municipal: Praça Marechal Floriano (Subway: Cinelandia Station)







Gustavo Capanema Palace - Candido Portinari Tile Work (Av. Graça Aranha)
http://en.wikipedia.org/wiki/Candido_Portinari





sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Esperançar

Uma imigrante mexicana nos EUA acaba de conseguir seu visto. Até aí nada demais. O detalhe é que ela tem 101 anos. Sim, senhora, chegou lá aos seis meses, no colinho da mãe, numa época em que era possível ir de um lado para o outro da fronteira sem maiores formalidades. A centenária (e uma) parece estar muito bem, pela foto, pelo menos, e, segundo se informa, fez o teste de praxe, passou, e as autoridades americanas estão honradas por recebê-la como cidadã. Uma história interessante. Disponível em http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2010/10/101013_centenariaeua_is.shtml
De tudo que me chamou a atenção na matéria, destaco a disposição da senhorinha. Poderia falar da idade, até porque as duas coisas estão totalmente relacionadas – muito fácil ser jovem e ter disposição, quero ver chegar a essa idade e não declinar, não se deprimir, enfim, dá pra imaginar o que passa pela cabeça de qualquer pessoa, pelo menos da minha: viver o dia a dia é uma luta interna e externa. Entre os conflitos morais e a batalha pela sobrevivência, o medo se faz companheiro constante. Daí o encantamento.
O filósofo Mário Sergio Cortella (http://pt.wikipedia.org/wiki/Mario_Sergio_Cortellafalou na GloboNews sobre os mineiros que estiveram soterrados por 69 dias na mina que desabou no Atacama, Chile. O repórter lhe perguntar se qualquer pessoa teria a capacidade de reagir da mesma forma como aqueles homens. Já tinha eu pensado sobre o assunto. A dieta deles consistia em duas colheres de atum (bleargh!), meia bolacha, pedaços de pêssego em calda e um pouco de leite a cada 48 horas. Mas como eles conseguiram chegar a esse consenso? Como mantiveram a disciplina, a fé, a esperança? Cortella disse então que no desespero, há duas posturas possíveis: a esperança e a espera. A espera é passiva, e a esperança não. Foi esta que levou aqueles homens a se organizarem. E daí o verbo (que não existe na “língua-padrão”) usado pelo filósofo, “esperançar”. Ele citou o grande Paulo Freire, aquele que podia ter feito uma grande diferença na educação no Brasil mas não deixaram. Mas esse é outro papo.
Ora espero e ora esperanço. Meu instrumento são as palavras. Lembro de Gonzaguinha: quando eu soltar a minha voz, por favor entenda... que palavra por palavra eis aqui uma pessoa se entregando... Mas há uma barreira, ainda intransponível – a forma de comunicação – e há expectativas que nem sempre serão correspondidas. Parece que é isso, buscar a forma perfeita de expressão e conseguir que a mensagem seja entendida. Não é suficiente, claro. Senão a esperança não se concretizaria. É preciso que haja ação. Foi isso que fez a lépida anciã, e o que fizeram os mineiros soterrados. Não esmoreceram jamais. Viveram. Vivem.

Seguidores

MINHA PONTE

MINHA PONTE
Brooklyn Bridge