domingo, 28 de fevereiro de 2010

Caminito



O que é o Caminito? Revitalização ou maquiagem? Não sei, mas é imperdível. Para chegar lá, passa-se por lugares feios, e pelo estádio chamado Bombonera (não posso deixar de pensar em chocolate, pq futebol nem me passa pela cabeça). É uma festa para os olhos, especialmente para quem sonha com revitalização urbana e não pode ver um espaço degradado. Qualquer manifestação cultural é válida, se for genuína. Daí o valor do Caminito. Mais ainda por causa da oportunidade de ver dançarinos de tango - mesmo que seja por dinheiro.
Sentamos num restaurante para almoçar, e lá estava o casal se apresentando, e os clientes podiam subir ao palco improvisado para ou tirar fotos ou tentar a sorte dançando. Tanto enchi a paciência de minha filha que ela foi. Acho que ela não se arrependeu. Um dia eu ainda vou contratar um professor (ou professora) de dança para me ensinar a ser menos enferrujada e poder fazer essas coisas - assim como eu fiz o curso de oratória e adorei. É fantástico!

Acabei de me lembrar da música de Toquinho e Vinícius, Aquarela:

Numa folha qualquer
Eu desenho um sol amarelo
E com cinco ou seis retas
É fácil fazer um castelo...

Corro o lápis em torno
Da mão e me dou uma luva
E se faço chover
Com dois riscos
Tenho um guarda-chuva...

Se um pinguinho de tinta
Cai num pedacinho
Azul do papel
Num instante imagino
Uma linda gaivota
A voar no céu...

...

Entre as nuvens
Vem surgindo um lindo
Avião rosa e grená
Tudo em volta colorindo
Com suas luzes a piscar...

...

De uma América a outra
Eu consigo passar num segundo
Giro um simples compasso
E num círculo eu faço o mundo...

...

Nessa estrada não nos cabe
Conhecer ou ver o que virá
O fim dela ninguém sabe
Bem ao certo onde vai dar
Vamos todos
Numa linda passarela
De uma aquarela
Que um dia enfim
Descolorirá...

Pois é isso, uma fábrica de tintas está com um projeto, que começou em SP, e pintando bairros, naturalmente tornando mais bonitos. Não é só lá. Já vi comunidades (favelas) que passaram pelo mesmo processo - no ES, no RJ. Mais uma vez, maquiagem ou não? É como aquela fabuleta, historinha de autoajuda, piegas ou não, da menininha pobre, cujo professor, apiedado, presenteou com um vestidinho novo. O pai, vendo aquilo, resolveu consertar a casa e pintá-la. Os vizinhos, para não ficar atrás, fizeram a mesma coisa, e logo a vizinhança, horrível, passou a ter uma aparência muito melhor. Não confundamos as coisas: em se tratando de pessoas, aparência não as define. Mas em matéria urbana, sim. E no caso do Caminito, dizem os guias que se trata de um lugar aonde não se vai à noite.
Portanto, um must, mas de dia.

Louvre no Mangue, digo, Plata

Tem mangue lá também

Podia ser o Canal do Mangue, ou a Baía da Guanabara, mas é o Rio da Prata. O cheiro é igual. Há trechos em que a aparência é de uma gelatina negra. Nojenta. Estávamos indo para o Caminito, mas saltamos do táxi porque havia uma exposição ao ar livre de fotos de obra do Louvre. Louvável, mas esquisita, considerando-se o odor. É meio como que colocar um vestido bonito (e limpo) sem tomar banho.

Imagine

Basília Nuestra Senhora Del Pilar


Basílica de Nuestra Señora del Pilar: Calle Junín, 1.904, www.basilicadelpilar.org.ar
Está lá no guia: "uma bela construção de estilo barroco do início do século 18, repleta de imagens artísticas em seu interior, (...)em homenagem à padroeira da cidade de Zaragoza".
A outra opção de igreja seria a Catedral Metropolitana, estilo neoclássico, não é bem o meu estilo, nem me atraiu a descrição de que está lá o túmulo do General San Martin (dispenso as autoridades laicas dentro de igrejas, não são pertinentes, especialmente as militares...). Mas é fato que até agora não tenho a menor ideia de onde fica a Catedral, porque, hummm... preferia mesmo conhecer a barroca? Muito mais fofa mesmo. Pena que cheguei na hora da missa, o que me impediu de tirar fotos no interior. E também não deu para ficar muito tempo lá. Se estivesse sozinha, esperaria sem problemas. Afinal, a cidade era mesmo um deserto, tudo fechado. Estranhíssima.
Fomos andar por uma cidade-fantasma, olhando vitrines de lojas fechadas, e catar um táxi - ainda por cima, chovendo. Haja imaginação. Bom para exercitar o cérebro. Afinal, viajar é isso.


Bizarro ou mórbido?


Fico pensando nas razões que levam as pessoas a fazerem "turismo" nos cemitérios. Admiração, respeito, morbidez, ou bizarrice (se é que esta é uma palavra dicionarizada)? De minha parte, só tinha ido a cemitério para os fins práticos, ou seja, enterros. A única vez em que quis ir visitar um túmulo foi em Viena - o de Beethoven. Não tive tempo. Fala-se muito em Père Lachaise - acabei de descobrir que Abelardo e Heloísa estão enterrados lá, por ex.. Arquitetura religiosa, história, ok, já entendi. E também acabei de lembrar duas coisas: uma, que só não entrei no cemitério do antigo gueto judaico em Praga porque estava fechado - há túmulos que datam da época medieval; e outra, em várias igrejas que visitei, tanto há cemitérios no próprio terreno contíguo, como há corpos enterrados em nichos dentro da igreja, sendo alguns de santos (e em alguns caso, apenas partes, como na Igreja da Medalha Milagrosa, na Rue du Bac, em Paris).
Portanto, voltando a fita: porque se faz turismo especificamente em cemitérios?
Bom, eu não queria. O tempo era curtíssimo, e eu queria era visitar um museu e uma igreja, como sempre quero, em qualquer lugar aonde vou (mais uma livraria). A igreja escolhida era a de Nossa Senhora del Pilar, numa avenida chamada Junin, número 1892 - peguei o endereço e anotei. Saímos do hotel, descobrimos a dita cuja, e fomos andando. E andamos, andamos e nada. Até que a rua acabou. Minha inteligente filha disse que eu tinha anotado errado. Possível, vivo fazendo esse tipo de coisa. Já estava desistindo, pois estávamos num lugar que nada tinha a ver com nada (totalmente residencial), quando resolvemos seguir, e percebemos que a rua continuava, mas era como se fosse um S quebrado. Como diria Obelix, esses portenhos são todos loucos.
Continuamos, então, e chegamos... à Recoleta! Em frente ao cemitério! É, e a igreja fica ao lado. E a filha disse que se soubesse que era ali tinha vindo pelo outro lado. Humpf. Eu estava certa, não tinha anotado nada errado. Bom, já que estávamos ali, empurrei-a para o cemitério. Não, sem más intenções, curiosidade, apenas. Ela acabou tirando mais fotos do que eu. O dito cujo está bem mal cuidado, os jazigos estão quebrados, empoeirados, mas há alguns quadros dentro belíssimos.
Algumas esculturas muito interessantes, uma outra composição estranha: uma cena cristã com uma menorah, uma estátua de uma adolescente muito amada por seu pai (muito triste o texto de homenagem), e outras. Achei um pouco diferente dos cemitérios que conheço aqui - o S. João Batista, em Botafogo, e o Caju, sei lá. Talvez porque lá eu tenha andado com outro olhar, não estava acompanhando um recém-morto, não havia uma tristeza ainda pairando, insistindo em querer se apegar... tudo que vimos foi nostalgia, resquícios de algo que é só lembrança.
Para fechar, fui procurar o jazigo de Evita, que tanto estardalhaço fez. Lembro-me de ter lido sua história quando era bem nova e ter ficado comovida. Não ficou mais nada. Não há nenhuma sinalização. A dica é seguir os turistas. Bingo! Mas esperava mais da "mãe dos pobres", não era assim que chamavam?, sei lá. O tempo passa, não é? Espero que isso seja bom sinal, mas não acredito muito não. As pessoas adoram um salvador da pátria, alguém que lhes diga o que fazer, para não terem de pensar - e, talvez, quem sabe, poderem depois dizer que não são responsáveis por seus atos.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Tudo que eu gosto é ilegal, é imoral ou...

Não adianta. Ou, como diziam os borgs (v. Star Trek, http://pt.wikipedia.org/wiki/Borgs_%28Star_Trek%29), resistir é inútil. Eu adoro Coca-Cola, e adoro as propagandas dela. Essa aí estava quase em frente ao nosso hotel. Não é bonitinha?
Não que eu me incomode, é só que todo mundo gosta de implicar com a minha Coca Light, e é muito na contramão (com ou sem hífen? maldita reforma ortográfica!) da sustentabilidade, da saúde, etc. etc. e eu já dei ataques por causa da bendita, só porque esqueceram de comprar em festinhas. Surtei mesmo. E fico irada se meu filho der cabo da dita cuja e não fizer a devida reposição. Se eu tivesse tendência à violência, seriam os momentos certos. Talvez seja uma boa ideia fazer uma plaquinha: "NÃO TOQUE, PROPRIEDADE PARTICULAR". Que dê choque, de preferência. Certo. Ainda não assimilei o conceito budista de desapego. =D (De resto, afastem-se da minha Coca-Cola!)


sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Onde comer no feriado?

Bizarro: ao contrário do Rio, onde se pode comprar até roupa num shopping no dia 31, e tem McDonald's em cada esquina, Bob's, e similares, botequins, etc., BsAs fecha. Até táxi fica difícil. Corre-se o risco de se ficar a pé, literalmente. Conseguimos chegar na Florida, deparamos com uma camelotagem digna do Saara, e vi algo que nunca imaginei ver: McDonald's fechado. Fomos basicamente expulsas de um restaurante cerca de 15:30. Muito "gentil" o garçon. Apontou-nos o restaurante em frente. Esse aí de cima - não chegava a ser um Four Seasons, mas também eu não sou. Estilo Colombo, Cavé, com aqueles docinhos expostos, tudo com recheio de doce de leite (o que há entre os argentinos e o doce de leite? eles teriam algum parentesco com os mineiros? diga-se de passagem que o doce de Minas é muuuuuuuuuuito melhor...). E azeites, compotas, tudo espalhado pelas vitrines... e o garçon bem educado (tem de registrar, encontrei muitas pessoas mal educadas), disposto, a pizza gostosa, e eu tive a ideia de levar empanadas para o hotel - onde acabamos ficando "ilhadas". Era isso ou aceitar um "pacote" empurrado pelo hotel. Ahã. No way. Aliás, mais exemplos de pessoas mal educadas. Só foram úteis na hora de chamar um carro para nos levar ao aeroporto (já que o táxi que pegamos na chegada nos enganou... ô, raça).
Mas tudo tem sua razão de ser. Melhor descansar, pq estávamos acordadas desde 4 da manhã. Olha que beleza, sem Ivete Sangalo ou Claudia Leite festejando o "ano novo"... bom demais!

Até lá...


A Igreja Universal está em todo lugar. Até em Buenos Aires. Está ali, na Florida. Que coisa. Fico imaginando... coincidência ou não, estava estacionado o veículo da Polícia, tão bonitinho, logo em frente. Uma foto curiosa, dois coelhos de uma só cajadada. No more comments.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

All you need is love


Esta foto eu não sei quem tirou, meu médico me enviou em 2007 com o título 'Círculo do Amor'.
Dá para pensar, não? A gente reclama de muita coisa, e tem até razão, mas às vezes nem é tão complicado - se imaginarmos que é só começar a expandir um pouco a cada vez o que desejamos para nós e para aqueles a quem amamos, sem restrições e sem malícia, o coração vai se abrindo. Parece mesmo que são "centrais" diferentes, o cérebro e o coração... pois que sejam, que trabalhemos ambos, que o façamos aos poucos, imaginando um mundo melhor. Egoisticamente para nós e os nossos. De alguma forma, será para todos.
All you need is love. Love, love, love... love is all you need.

Recarregando as baterias

Marc Ben Puch, ator alemão
(Série Unidade Especial 9, passa no A&E, mas já foi cancelada, que pena!, um colírio para os olhos, e de vez em quando ainda dá para pegar uns pedacinhos de Berlim nas histórias... ah, não sei a quem creditar a foto, mas é do site http://www.cineastentreff.de/content/view/8-28-181180-1/1959/152/)

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Tango


Podem chamar de brega, cafona, não sei qual é o termo que se usa hoje para definir esses programas típicos voltados para turistas. Mas que a gente não pode deixar de fazer. Dá para vir ao Rio e não ir ao Corcovado?
Também não se pode ir a Buenos Aires sem ver o tango. Para quem tiver talento ou não tropeçar, vale também experimentar dançar. Mesmo com minha resistência a viajar, uma das minhas paixões musicais foi Astor Piazzola, e sempre gostei de Carlos Gardel. E acabo de ler na revista Dança Brasil, edição de janeiro, que a Unesco declarou o tango Patrimônio Cultural "Imaterial" da Humanidade.
Ora, se tivesse de eleger a coisa mais linda que vi em BsAs, aí está: o show na Casa de Tango Piazzolla. Escolhida por motivos óbvios. Tirando os mal-educados passageiros da van que nos buscou no hotel (brasileiros, ora, como não? pontualidade é palavra que não existe no dicionário deles... aliás, outra palavra também inexistente... dicionário...), foi tudo lindo: os bailarinos, os músicos, os cantores, o repertório... até o jantar foi excelente, assim como o serviço. Deu para compensar o mau atendimento em outros lugares.
Engraçado foi só na hora de comprar as entradas, eu tentando me comunicar em inglês, e minha filha entrando em curto-circuito porque dizia que não conseguia raciocinar em língua nenhuma. Finalizei a compra, e o homem do teatro falava comigo em inglês e com ela em castelhano... bizarro.
Pois então, a candidatura do tango (música e baile) para ser Patrimônio Cultural da Humanidade foi apresentada em 2008 pelos governos das cidades de Buenos Aires e Montevidéu, porque é identificado como cultura das cidades do Rio da Prata, que banha as duas cidades. As letras do tango, afirmam os especialistas, sugerem melancolia porque demonstram a solidão dos que saíram de países europeus para uma terra desconhecida.
Além do clássico bandoneón, grupos jovens agora estão acrescentando outros instrumentos para tocá-lo, e estão sendo abertas dezenas de "milongas" (lugar para dançar a música) na capital argentina. Surpresa: no último Campeonato Mundial de Tango realizado em BsAs, quem ganhou a disputa na categoria "dança de salão" foi um casal japonês !!!!!
Eu tenho minhas músicas favoritas, não lembro os títulos, mas me emocionou particularmente Adiós Nonino, de Piazzolla - o bandoneonista era excepcional - e embora os 3 casais de dançarinos fossem excelentes, um dos casais era simplesmente magnífico, verdadeiros bailarinos.
Donde que, apesar da pompa e circunstância, eu voltaria lá, pelo simples prazer da música e da dança, espetaculares. Bela lembrança, para mim no mesmo nível emocional e artístico de O Fantasma da Ópera (NYC) e The Jersey Boys (Londres).

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Uma nova viagem


Nem tão nova assim, afinal foi no Ano Novo, e nós já estamos em fevereiro. Mas do jeito que eu demorei para contar das férias, não espanta. Mas diário é diário, disciplina é disciplina, por mais desorganizada que seja. Ainda.
Pois fui convencida a ir a Buenos Aires. Só assim - vapt-vupt, feriado esticado de fim-de-ano, com minha filha de companhia e intérprete, que de espanhol/castelhano só falo buenos dias, para ser educada. Que agonia que dá escutar uma língua que a gente não entende! E essa é pior, porque é latina, de vez em quando lá vem uma ou outra palavra que parece familiar (num ano da Faculdade de Letras eu tive de estudar espanhol - mas era só escrito, nada de conversação, então ainda dá para ler alguma coisa).
Mais uma vez, não deu para "preparar" ou planejar nada. Coisa de doido. E, embora corrida e curtíssima, valeu. Como toda viagem, seja para onde for, muda a gente, parece que vamos ficando do tamanho do mundo - me lembra uma expressão antiga que minha mãe citava, "parece que quer abraçar o mundo com as mãos", só que era num sentido de afobação, quiçá de crítica. Provavelmente ela estava certa, como dizem, Deus não fez o mundo em um dia, mas o que eu quero dizer é que a gente tem, sim, de abraçar o mundo, não só com as mãos, com tudo, com o cérebro, com o coração, com os pés, sair andando por aí, se puder, e se não puder, com os olhos, com todos os sentidos, e com os recursos que tiver à disposição. Dar um jeito de romper barreiras de qualquer espécie, até que não reste mais nenhuma, e que o espírito que está pequeno dentro de nós, porque limitado pelos nossos preconceitos, se expanda para além de qualquer fronteira.
Buenos Aires, bom ar, bons ventos nos levaram, bons ventos nos trouxeram. Uma viagem perfeita? Claro que não. Nenhuma é. Mas o meu saldo foi positivo.

Ich liebe dich

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Status Anxiety

O livro chama-se Status Anxiety, do filósofo suíço Alain de Botton, e tem como foco o trabalho. A tradução tem o título Os Prazeres e Desprazeres do Trabalho (Ed. Rocco). Não gosto do título - não exprime com exatidão o tema do livro. Que é exatamente sobre a ansiedade que a busca do status que a posição em que nos encontramos na vida pode nos dá. Ainda não cheguei ao final, mas é óbvio que o trabalho é fundamental para nos levar a esse lugar "mítico" - que diferença entre ser apresentado como médico e escriturário, por exemplo, com todo o respeito. Ainda mais em um país onde ainda existe a cultura do "sabe com quem está falando?". Talvez melhore um pouquinho, depois da prisão do governador dos panetones, mas não sei não.
A revista Bons Fluidos entrevistou o autor. Segue uma das perguntas e resposta.

Prazer e trabalho devem caminhar juntos?

AB
Não, a dor é sempre inevitável. A crença moderna prega que nosso trabalho deveria nos trazer alegria todos os dias, que deveria estar no centro de nossas vidas e de nossas expectativas. A primeira pergunta que tendemos a fazer a pessoas que acabamos de conhecer não é de onde elas vêm ou quem são seus pais, mas o que elas fazem, presumindo por meio disso descobrir o núcleo de sua identidade. Mas, quando o trabalho não vai bem, é válido lembrar que nossa identidade vai muito além do que está escrito em nosso cartão de visitas, e que nos tornamos pessoas muito antes de virarmos trabalhadores - e continuaremos a ser humanos mesmo que aposentemos nossas ferramentas para sempre. Em outras palavras, quando o trabalho não vai bem, precisamos lembrar de distinguir nosso senso de valor do trabalho que fazemos.

É verdade, tendemos a nos identificar de tal forma com nossa atividade profissional, que corremos o risco de perdermos o rumo quando não estamos no ambiente corporativo. Acho mesmo que a empresa tira proveito disso - com a nossa permissão, inclusive. Não são todas as pessoas que têm esse comportamento ou atitude, obviamente, mas quem tem, mistura as coisas de tal forma que me leva a concordar com o filósofo: a dor é inevitável (embora eu não saiba de onde ele tirou a ideia de que existe uma crença sobre uma alegria diária trazida pelo trabalho... talvez para iluminados, como Madre Tereza, Irmã Dulce, Dra. Zilda Arns, Sérgio Vieira de Mello e outros do mesmo calibre, que, mesmo assim, teriam seus dias de aborrecimento - pelo menos o Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos tinha, segundo sua biógrafa, tamanhas eram as dificuldades que enfrentava em suas missões).
Então, eu, trabalhadora comum, com dias alegres e tristes, com objetivos múltiplos, meus e da empresa muitas vezes inextricáveis, descubro que não importa o que eu faça, mesmo que eu desenrosque todos esses nós (todos, impossível), ou melhor, que eu consiga, pelo menos, como disse o filósofo, distinguir "meu senso de valor" do trabalho que eu faço, os outros, a sociedade em geral dificilmente vai ter essa percepção. Rótulos, rótulos. Imagem é tudo. Não sou eu que estou dizendo. É o que eu venho percebendo por toda a vida, e é o que o autor acaba por confirmar no livro. E é por causa da busca de uma imagem (status) que as pessoas se desesperam (ansiedade).
Se não cheguei ao final do livro, desde já recomendo, como todos os outros do autor. De qualquer forma, melhor ter ansiedade por saber do que não ter por ser ignorante.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

The End: O Retrato de Jane Austen




Há um certo traço de obsessão nos apaixonados. Para não ser repetitiva, lembro que estou falando de minha autora favorita, Jane Austen. O problema é que sou distraída. Ou talvez, ainda bem que não sou uma louca obsessiva, daquelas que exageram. Não sabia, por exemplo (!), que o único retrato dado como autêntico de Jane e feito por sua irmã Cassandra (embora seus parentes tenham dito que não se parecia com ela), está em exposição na National Portrait Gallery, na St. Martin's Place, ali perto da Trafalgar Square.
E como a "anta" (euzinha) descobriu isto? Não foi em nenhuma enciclopédia, ou na biografia que eu li no ano anterior, escrita por Claire Tomalin (que eu me lembre, pelo menos, na minha memória sempre estressadamente fugidia) e que me levou ao Jane Austen Centre, em Bath. Mas em um romance, chamado 'Jane Austen ruined my life', de Beth Pattillo, um dos muitos que bebe na fonte original, e cita vários fatos da vida de Jane no meio da trama. Ainda bem. Ou não, porque quando li, não havia a menor perspectiva de eu ir a Londres, e caí em depressão, pensando em quão perto eu estava do retrato sem tê-lo visto... aaargh!
O que eu posso dizer? A entrada da galeria é gratuita para o acervo, no qual se inclui o retrato, que não é fácil de se achar, talvez porque ele seja muito pequeno, e está trancado em uma caixa de vidro, enquanto a maioria dos retratos seja muito grande e esteja afixada nas paredes. Não deixa de parecer um contraste: o retrato de Jane se assemelha a uma jóia muito preciosa, e por isso não pode prescindir da proteção.
A frustração é que não podem ser tiradas fotografias, e a segurança é rígida: os encarregados dispõem de câmeras, de onde podem observar os visitantes. Uma moça tentou burlar as regras, e não demorou muito, lá veio uma senhora para chamar-lhe a atenção. Regras são regras, oras.
Conclusão? Deixem-nos em paz, absorver os detalhes que pudermos - a iluminação realmente não ajuda muito, eu adoraria que dessem um lugar de maior destaque para Jane, em vez de todos aqueles "nobres" ou sei lá quem (já esqueci todos), de preferência uma ala dedicada só a ela. No mínimo.
Mas eu vi o que eu fui para ver. Era tudo que me importava. E olhe que não estava com o mapa (achei de confiar na memória, quase fui traída por ela, fiz a maior confusão). Saí feliz que nem pinto no lixo. Ignorei solenemente a exposição que era o must (tinha Beatles, outra paixão minha!), só para não estragar o encanto. Queria levá-lo comigo enquanto pudesse, e não sobrecarregar meus neurônios com mais sensações... a gente recebe informação demais, não tem jeito. Nem sei para onde fui depois, passei na lojinha, comprei umas coisas, e saí andando. Realizada. Era tempo de começar a fechar a viagem.

http://www.npg.org.uk:8080/beatles/index3.htm


domingo, 7 de fevereiro de 2010

O ônibus




Ah, o ônibus... não sou fã. Prefiro o metrô. Se não pensar no que se tornou o caos do metrô do Rio... É mais rápido, eficiente e efetivo. Mas o ônibus tem uma vantagem: a visão panorâmica. Se for transporte público em cidade grande, a relação custo-benefício é excepcional. Quer dizer: por 1 passagem comum, senta-se à janela, e vai-se apreciando a paisagem. Simples assim: se quer chegar de 1 ponto a outro vapt-vupt, metrô; se ñ tem pressa, ônibus.
Bom, em NYC funciona direitinho: vc compra, por ex., passes que servem para andar nos 2 tipos de transporte. Em Berlim tb. Em Londres eu ñ entendi. Parece que não. Se vc vai ficar mais de uns 5 dias, e vai andar de metrô, tudo bem, tem o Oyster, vale a pena. Se vai ficar 2, compra 1 passe para cada dia. Fila. Estilo banco, INSS. Se resolver andar de ônibus, compra na maquininha, 1 passagem para cada viagem, que tem validade e é cara pra burro (aliás, burra mesmo, pq ñ reparei nisso logo, e perdi 1 passagem). E como todo mundo lá usa passe mensal, informação é coisa que ñ se sabe dar. Tive de descobrir na tentativa e erro. Mas como no ano anterior ñ andei no tal ônibus vermelho por medo de pagar mico, desta vez, com meu raciocínio do tipo 'posso nunca mais voltar', resolvi que ia de qq jeito.
O bom é que cada vez que eu venço um medo, um obstáculo, parece que alguma coisa muda dentro de mim. É como se fosse um ajuste interno. Dá vontade de dançar (e acho que eu danço internamente). É uma vitória "contra" mim mesma. Uma conquista, de um caminho trilhado passo a passo (re)tomando um terreno ocupado por múltiplas amarras, algumas visíveis, ostensivas, outras nem tanto, e ainda outras traiçoeiras, verdadeiras minas, deixadas por antepassados próximos e distantes, que foram dizendo ao longo do tempo que eu não podia fazer isto ou aquilo, por uma ou outra razão, sendo a principal delas o fato de eu ser mulher.
É um verdadeiro desperdício de energia mental e física esta eterna luta, mas cada pequena vitória é gloriosa.
Bom, o trânsito estava sempre horrível (obras, compras de Natal antecipadas), as fotos nem sempre ficaram boas, mas eu me diverti a rodo. =D

Vestido para matar


E saindo da ponte, lá estava a maravilhosa e tenebrosa Torre de Londres, que eu visitaria de novo, se tivesse tempo de sobra, de preferência com direito à voz empostada do guia, que silenciou umas criancinhas barulhentamente chatas que atrapalhavam o clima teatral macabro que ele tentava emprestar ao seu relato de cabeças decapitadas no local. Para variar, na ocasião, a bateria da câmera acabou, e eu ñ pude fotografar a última residência de Ana Bolena (e estava fresca na memória a série Os Tudors, que estava assistindo no People & Arts, e vi, por acaso, o episódio de sua morte, na BBC local - de implicância com a personagem histórica e televisiva, reverti a situação, graças à excepcional atuação e dramaturgia, sem contar à canalhice de Henrique VIII, o safado; por causa disso, recusei-me a comprar qualquer coisa que lembrasse o dito cujo... o porco chovinista...).
Quando entramos na capela onde rezavam os condenados, não podíamos fotografar mesmo... de volta ao presente: nada de revisitar, o tempo era curto, mas havia uma exibição em cartaz: "Dressed to kill" ("Vestido para matar" - não sei quem estaria vestido com essa intenção, os verbos ingleses têm esta maravilhosa capacidade de se conjugarem de forma a valer para feminino e masculino, plural e singular, e a figura que ilustrava o banner era a do gordão, quer dizer, de Henrique VIII, claro; também achei de um humor negro fantástico, considerando-se quanta gente foi morta ali...)
Enfim, a Torre é um must, apesar do ingresso salgado, e macabra ou não, tem uma história fascinante. Chamem-me de mórbida, mas o mundo inteiro está pagando para assistir ou ler histórias de vampiros e lobisomens (inclusive eu).
Quem quiser saber mais sobre a Ponte ou sobre a Torre em http://pt.wikipedia.org/wiki/Tower_Bridge e http://pt.wikipedia.org/wiki/Torre_de_Londres.
A Torre é Patrimônio Cultural da Unesco e não tem só horrores - há uma coleção de joias em exposição que deixa a gente meio tonta.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

A ponte


Pontes nos levam de um lado a outro, para superar obstáculos. São quase que milagres - de engenharia, de comunicação, dependendo do contexto. Onde quer que exista uma, deverá haver uma história, uma emoção, e, quem sabe, uma delas poderá nos marcar por algum motivo, simbolizar algo muito importante e passar a fazer parte da nossa história. Bom, todo lugar por onde andamos passa fazer parte de nós, e, talvez, nós daquele lugar. Quem irá saber?
Pois eu já me encantei e continuo me encantando com diversas pontes: a de Florianópolis, a de Brasília, as de Paris, a do Brooklyn, a de Praga, as de Londres... e cometi a insanidade de esquecer a Tower Bridge, a ponte de Londres, sei lá como se chama. Ali do lado estava no ano anterior, na Torre de Londres, num dos melhores lugares que conheci, com o guia mais engraçado que já conheci, e me mostrei a pessoa mais idiota da face da Terra.
Remediando, pois, a sandice, lá fui eu caçar a ponte. Estou sempre atrás de pontes - por um lado, me refugio em mim, não por achar que eu me baste, mas por um pouco de preguiça, somada a um tanto de falta de tempo e outro tanto de dificuldade de comunicação entre as pessoas. Elegi entre as pontes que conheci como a minha favorita a do Brooklyn. Não por ser a mais bonita, mas por ser a mais significativa na minha vida. Os momentos ali vividos e as pessoas que se foram não têm mais volta.
Mas nem por isso deixo de ficar de queixo caído, ainda visualizando a ponte de longe. Não sou arquiteta, mas sou fascinada por arquitetura. Nada de linhas simples para mim, a não ser dentro de casa. Só teria mais encanto se fosse um aqueduto romano. A arte e o engenho humanos não me cansam. Porque destruir, se podem construir?

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010


Viagem no fim, praticamente 1 dia e meio para dar conta de rever a cidade pela qual me apaixonei no ano anterior, e ver o que pudesse, sem arrependimentos, porque, como dizem os experts, são necessários no mínimo 3 dias num lugar para se fazer alguma coisa decente. E eu ainda tinha de comprar "coisinhas" - tudo aquilo que teria de levar pra casa e se compra só no final, pra não arrastar na mala como peso extra pelos trens. Não era muito, mas sabe-se lá quanto tempo levaria em deslocamentos. Mesmo meus objetivos eram os mais bizarros possíveis. Quando a gente faz planos, faz no papel - quando chega no local, não conta com a realidade: obras, trânsito, distâncias que nos mapas e nas descrições são "a walking distance" (algo como "facilmente atingíveis a pé", o que é um conceito totalmente subjetivo, e de qualquer forma, consome tempo).

Uma outra coisa que a gente perde com a falta de tempo é o prazer enorme de "flanar" (dicionário: v.i. passear ociosamente, sem objetivo ou direção certa: saiu sem rumo, flanando), e descobrir o inusitado. Mas eu sempre me considerei uma pessoa de sorte só por botar os pés num avião... chega de choramingar.

Voltando: a melhor forma de otimizar uma viagem é planejar, e não estou falando nada que um especialista não diga e repita. Para quem pega sua própria mala ou mochila, isto é imprescindível. Medidas de segurança são o segundo item no cardápio. Quando tiver tempo, vou traduzir as dicas preciosas da Journeywoman, que é um site construído por uma mulher sensacional, que já na chamada meia-idade, divorciou-se, e sem saber o que fazer, foi viajar. Sozinha. Há outros sites que têm uma linha voltada para a mulher que viaja sozinha.

Ainda outros sites são interessantes para quem têm orçamento controlado. Muuuuuito conveniente.

E para planejamento, eu não abro mão do TripAdvisor e do TripWolf. O TripAdvisor te permite fazer reservas, inclusive em português, compara preços. Inestimável.

Em suma, é tempo de botar o pé na estrada. Os endereços estão listados, e todos estão no Twitter também.

http://journeywoman.com/
http://www.tripadvisor.com/
http://www.lonelyplanet.com/
http://www.tripwolf.com/
http://solotravelerblog.com/
http://www.smartwomentravelers.com/
http://www.traveldudes.org/static/about-traveldudes
http://www.travmonkey.com/

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Night in London



Uma das coisas que quero aprender a fazer é fotografar. O que vai me permitir escolher uma boa câmera. Porque só assim eu vou poder tirar uma boa foto à noite. Ou talvez o problema não seja a câmera e sim o cérebro que conduz o dedo. Whatever. Essas são as fotos que tenho e compartilharei. Porque foram momentos felizes, históricos, por mais idiota que eu seja. Pois, primeiro, eu estava flutuando de felicidade, após sair do teatro, com todas as músicas de Frankie Valli & the Four Seasons na cabeça. Pegando a Charing Cross (sempre lembrando de Anne Bancroft em 'Nunca te vi, sempre te amei', li o livro e não lembro do título em inglês, vale ver o filme e ler o livro, maravilhosos, fui à rua só por causa dele, sabendo que não existia mais a livraria, e quando voltei lá, menos livrarias ainda, que coisa...), West End, zona dos teatros, a Broadway londrina, como alguns chamam (eu ñ sou expert na cidade, conheço pouquíssimo), acompanhando o movimento, e chegando na Leicester Square (a foto dá uma pálida ideia, mas tem gente o tempo todo, e não chega a ser desagradável como está a Broadway original, insuportável inclusive à meia-noite, um amontoado de gente).
Perguntarão o porquê do meu contentamento e eu direi que estava simplesmente flanando, fazendo algo diferente, vendo pessoas, absorvendo experiências, sabendo que a viagem ia chegando ao fim e com uma sensação de missão cumprida, que o que fora vivido tinha sido significativo, e acrescentado mais algumas camadas nisto que eu sou, nisto que eu fui me tornando, deixando que tudo que eu tinha presenciado penetrasse por todos os meus sentidos.
E lá fui eu, clicando imagens meio foscas, indistintas algumas, outras nítidas, quem sabe o que um dia o que elas me trarão à memória.
Por onde passava, pessoas e obras, luzes, festa, fantasias: era Halloween! Ah! como disse, grande novidade para mim, criança ainda presente, escondida e reprimida em algum canto, nesta cultura anglófila que eu desenvolvi, me encantei, e aí está a prova. Só lamento não ter tido a coragem tola de tirar a foto com a pessoa fantasiada, como outros fizeram. Tantos anos passados e ainda não soltei estas amarras. Deve ser por isso que não consigo dançar...
Mas mesmo com esta pequena sombra, ainda estava feliz, e enquanto esperava um ônibus naquela confusão (a cidade em obras), a cereja do bolo: passou uma trupe de patinadores caracterizados para o Halloween. Fotografei, claro, mas a câmera ñ colaborou - o movimento ficou borrado. Mas foi bárbaro. Valeu. Muito.
Sugestão:
http://en.wikipedia.org/wiki/West_End_of_London
http://www.sandrofortunato.com.br/salgo/2008/03/03/nunca-te-vi-sempre-te-amei/ (vale ler o que foi escrito sobre o livro e o filme)

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Retornando a Londres



Ansiedade é meio como que ser hiperativa, ter de fazer o máximo de coisas num mínimo de tempo. Uma ilusão - tem-se a impressão de efetividade. Bobagem. Não é à toa que tentam nos ensinar a meditar, respirar etc. Já levaram até monge budista e testaram - demonstrando os efeitos benéficos da prática da meditação. Alguns minutos de repouso para o cérebro podem fazer milagre. Dizem. Mas tente parar ou mesmo diminuir o ritmo de sua mente. Vêm os tais macaquinhos: seus pensamentos começam a saltar de um lado para o outro, te deixando enlouquecida. Agenda, agenda, o que eu poderia estar fazendo?

Viagem é assim: já que eu estou indo para o lugar X, porque não aproveitar e conhecer o lugar Y, que está tão perto? Lembrando que se trata aqui de uma versão da "Teoria da Relatividade" que não é a de Einstein: não é o "perto" que as revistas e os mapas turísticos querem nos fazer crer, onde todos os lugares são alcançáveis a pé em questão de minutos. NOT. É o perto tomando-se como referência o seu ponto de partida, e o fato de que talvez seja a sua última oportunidade de fazer uma viagem transcontinental.

Isto posto, já que estou em Berlim, porque não dar uma passada em Londres, e ver a London Tower, que eu esqueci (sim, idiota que sou, esqueci) de ver no ano anterior? E o retrato de Jane Austen, na National Portrait Gallery, que dizem foi feito por sua irmã Cassandra, eu, que sou apaixonada por Jane, fui descobrir esse "pequeno" detalhe num romance. Ai. E rever Jersey Boys, o musical que me encantou? Decidido. Última parada da viagem. Na última hora, li no Time Out que o musical sairia de cartaz pouco antes de eu chegar. Tristeza, decepção, frustração, mas já estava tudo fechado. Do aeroporto direto para a Victoria Station - destaque para o senhor educadérrimo que fez questão de tirar minha mala do trem, filas imensas para comprar passes de metrô, uma confusão medonha com as obras (se arrependimento matasse! o tempo que eu perdi fazendo baldeação e no trânsito quando passei para o ônibus...).

Hotel, largo as malas e corro para Charing Cross, catar o lugar onde vendia os tickets para o teatro. Se não tem tu, vai tu mesmo. O tempo ruge. 1 dia e meio e go home. A vendedora me dá a planilha... e lá está Jersey Boys! Meus olhinhos se encheram d'água. Mais um momento Mastercard (quando a voz voltou na igreja em Munique, Potsdam, a passagem de trem de Praga a Berlim pelo rio Elba...): não tem preço! E o que mais não tem preço? Primeiro, tirar uma foto do palco decadente - diga-se de passagem, antes de o espetáculo começar, nada pirateado, o moço que fica vigiando vir dizer que não podia e eu dizer pra ele deletar a foto, pq ñ sabia, pq tinha acabado de comprar a câmera, ele vir todo metido e dizer "no problem", e quando eu chego em casa, está lá a foto. Depois eu é que sou a technoidiot.

Mas o melhor mesmo, que deixou meu coração apertado foi reconhecer o cantor/ator principal, Ryan Molloy, fazendo Frankie Valli (é que da primeira vez eu assisti com o ator substituto). Glenn Carter (Tommy DeVito) tem uma voz de veludo, mas Ryan/Frankie é espetacular - embora as canções sejam o que dá vida ao show. Veria de novo, sem dúvida.

http://www.jerseyboyslondon.com/

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